Contexto

Bolsonaristas tentam usar surto de PM na Bahia para criar agitação nas polícias

O incidente envolvendo um policial baiano, que neste domingo (29/03) teve um surto psicótico, ameaçou a vida de civis ao efetuar disparos no Farol da Barra e foi abatido por seus colegas de corporação pode gerar consequências graves para o resto do país. Isso porque políticos e militantes bolsonaristas estão tentando usar esse caso para criar um motim dentro das forças policiais pelo Brasil contra os governadores.

O policial militar, identificado como Wesley Soares Góes, trabalhava na 72ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) e durante a tarde de ontem aparentemente teve um surto psicótico e se dirigiu ao Farol da Barra, na capital Salvador.

Pintado com as cores verde e amarela, armado de fuzil e pistola, o PM iniciou disparos de fuzil para o alto. Ele foi cercado por unidades policiais especializadas, que isolaram o local e tentaram negociar a rendição do colega, sem sucesso. Ao ameçar disparos conra as equipes durante a madrugada, ele foi baleado e morreu esta manhã.

Motim

Nas redes sociais, a Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Federal, Bia Kicis (PSL-DF, foto), e o deputado estadual Soldado Prisco (PSC-BA), ambos bolsonaristas, estão incitando um motim de policiais militares na Bahia. Kicis afirmou que o soldado da PM “morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia. Esse soldado é um herói. Agora a PM da Bahia parou”, disse. No entanto, não há registro de qualquer prisão feita por Wésley na ocasião.

Soldado Prisco, que tem um projeto na Assembleia Legislativa para conceder título de cidadão baiano ao presidente Bolsonaro, está articulando com grupos de apoio ao presidente dentro da PM para iniciar um motim às 9h desta segunda-feira (29).

Não é a primeira vez que bolsonaristas incitam greves e motins entre as polícias. Em fevereiro de 2020, o Ceará teve neste ano o mês de fevereiro mais violento da sua história, quando um motim entre policiais militares causou 456 homicídios em 29 dias, conforme dados da Secretaria da Segurança Pública. Na ocasião, o deputado estadual bolsonarista Capitão Wagner (PROS), que foi candidato a prefeito de Fortaleza, esteve envolvido. Um ex-deputado federal, Cabo Sabino, foi flagrado pagando mulheres pra se passar por esposas de policias nos protestos.

O coordenador da Força Nacional, coronel Antônio Aginaldo de Oliveira, elogiou os policiais amotinados em assembleia após o fim das hostilidades e disse que eles eram “gigantes”. Oliveira é casado com a deputada federal e extremista Carla Zambelli (PSL-SP). A paralisação de policiais é proibida pela Constituição Federal.

Tal atitude pode gerar efeito cascata em outros estados onde há insatisfação motivada pelos fechamentos decretados em razão do agravamento da pandemia do novo coronavírus. Nem a Secretaria de Segurança Pública da Bahia e o governo do estado ainda não se manifestaram sobre as causas do incidente, portanto não há como afirmar que o surto do policial tem qualquer relação com as medidas restritivas de enfrentamento à Covid-19.

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados


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