Manaus é a cidade com a maior expansão das áreas urbanizadas em assentamentos precários entre 1985 e 2021 em todo o país. A constatação foi feita pela iniciativa Mapbiomas devido ao deslizamento de terra no Bairro Jorge Teixeira ocorrido no último domingo (12/03/2023), ocasião onde 11 pessoas foram soterradas por lama e oito morreram.
O levantamento reuniu dados da evolução de áreas urbanizadas em toda a capital Amazonense. Nesse período avaliado, uma área equivalente a 10.000 campos de futebol foi ocupada em toda a cidade. Somadas, todas as áreas urbanizadas em áreas de risco no Amazonas totalizam aproximadamente 1841 hectares em 2021.
Desta área de risco ocupada, 770 hectares se concentram em Manaus (42% aproximadamente). Vale lembrar que, segundo matéria feita pelo Vocativo esta semana, a área do Jorge Teixeira onde ocorreu o desabamento havia sido ocupada a partir de 2019, o que significa que o número de ocupações deve ser maior.
Em 1985 a área de risco com ocupação urbana no Amazonas era de aproximadamente 523 hectares e em 2021 chegou a 1841, um aumento de 1319 hectares aproximadamente ou 3,5 vezes no período. Manaus, sozinha, teve um aumento de 478 hectares em áreas de risco no mesmo período, ou seja, a capital sozinha concentrou mais de 36% de toda a ocupação de área de risco no estado.
IBGE conhecia área do acidente
Especificamente na Rua Pingo D’agua, no Bairro Jorge Teixeira em Manaus, onde ocorreu a morte de 8 pessoas devido a um deslizamento de terra, não havia registro de área de risco cadastrada pelo IBGE. No entanto a área encontra-se dentro de um assentamento precário conhecido e delimitado pelo IBGE.
O fato de não existir a delimitação de área de risco e monitoramento nesta área mostra a
dinamicidade da ocupação e áreas perigosas no Brasil e a necessidade de atualização contínua
destes dados.
Problema também no interior
Infelizmente o problema da precariedade dessas ocupações não se registringe à capital. Atualmente, 50 dos 63 municípios (79%) do estado do Amazonas possuem alguma ocupação em áreas de risco. Ainda que a maior área de risco ocupada esteja em Manaus, proporcionalmente outros municípios do estado aumentaram este tipo de ocupação urbana em uma taxa muito maior do que a capital. Enquanto Manaus aumentou em 2,6 vezes, Silves por exemplo aumentou 56 vezes no mesmo período de tempo.
