Reportagem da Agência Pública desta terça-feira (24/10/2023) acusa o governo do Amazonas de adquirir o software de monitoramento FirstMile, da empresa Cognyte. O programa empresa israelense está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) por suspeita de uso para espionagem durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado do governador Wilson Lima (União Brasil).
Segundo a reportagem, a gestão do governador Wilson Lima (União Brasil) adquiriu produtos da empresa israelense em julho de 2022, ao custo de R$5,9 milhões. A Polícia Civil do estado fechou a compra de um “equipamento satelital para identificação, rastreamento, monitoramento e interceptação de indivíduos em atividades relacionadas ao tráfico de drogas em ambiente urbano e florestal” para o Departamento de Investigações sobre Narcóticos (DENARC).
Na última quinta-feira (16/10/2023), a Polícia Federal abriu inquérito para investigar denúncias de que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) monitorou celulares de milhares de brasileiros com o uso desse programa durante os três primeiros anos do governo Jair Bolsonaro. A informação foi publicada pelo jornal O Globo na última terça-feira (14/10/2023) e confirmada pela Abin no dia seguinte.
A ferramenta permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
Segundo reportagem da Pública, governos estaduais principalmente do campo da direita, como os de Goiás, São Paulo, Amazonas e Mato Grosso, a PRF (Polícia Rodoviária Federal), então na gestão do bolsonarista Silvinei Vasques, teriam adquirido o programa. Além deles, setores das Forças Armadas também compraram ou renovaram contratos para obtenção de produtos da empresa nos últimos cinco anos.
A compra do software, no entanto, aconteceu antes disso. Na edição do Diário Oficial da União de 1º de dezembro de 2017, na qual consta o primeiro registro de contratação do programa pelo governo federal – ainda no mandato do então presidente Michel Temer (2016-2018), do MDB. A compra foi feita pela Abin por R$ 9 milhões.
A suspeita da compra desse tipo de programa não é nova. Surgiram denúncias desse tipo de movimento do governo do Estado em julho de 2021, após a Operação Garimpo Urbano descobrir que membros da Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (SEAI) do Amazonas estariam extorquindo garimpeiros com o uso de estrutura, pessoal e de expertise do órgão. Aliás, não é a primeira vez que a gestão Wilson Lima é alvo de denúncias do gênero.
Na ocasião, o Vocativo questionou a Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) e o Ministério Público do Amazonas sobre uma possível compra de outro software de monitoramento, o Pégasus. Nenhum dos órgãos questionados retornou as perguntas do site. O Vocativo voltou a questionar todos na noite desta terça, mas em virtude do feriado de aniversário de Manaus, o expediente só retorna amanhã.
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