Territórios

Fogo já atingiu 21% da Amazônia em 40 anos

A Amazônia registrou em 2024 a maior área queimada dos últimos 40 anos, com 15,6 milhões de hectares. O fogo já afetou 21% do bioma desde 1985. O relatório do MapBiomas destaca aumento de incêndios em vegetação nativa, agravados por práticas agropecuárias e mudanças climáticas

A Amazônia registrou, em 2024, o maior volume de área queimada dos últimos 40 anos. Segundo dados inéditos da Coleção 4 do MapBiomas Fogo, divulgados nesta terça-feira (24/06/2025), cerca de 15,6 milhões de hectares do bioma foram atingidos pelas chamas — número 117% superior à média histórica desde 1985. Esse avanço elevou o total acumulado de áreas queimadas na Amazônia para 87,5 milhões de hectares, o equivalente a 21% de toda a extensão do bioma.

Coordenado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), o relatório revela que a Amazônia e o Cerrado concentraram, juntos, 86% da área queimada no Brasil entre 1985 e 2024. No total, foram 177 milhões de hectares queimados nos dois biomas, uma área equivalente ao território do México.

Em todo o Brasil, 206 milhões de hectares foram atingidos pelo fogo ao menos uma vez nos últimos 40 anos — ou 24% do território nacional. Apenas em 2024, a área queimada foi de 30 milhões de hectares, 87% a mais que em 2023 e 62% acima da média histórica.

A intensificação das queimadas tem sido atribuída ao uso do fogo na conversão de florestas e no manejo agropecuário, somado às mudanças climáticas. “A associação entre práticas agrícolas e eventos climáticos extremos tem ampliado a frequência e intensidade dos incêndios, tornando-os mais difíceis de controlar, especialmente na Amazônia”, afirma Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM.

Outro dado alarmante é que em 2024 a Amazônia queimou mais floresta do que pastagem pela primeira vez desde o início da série histórica. Dos 15,6 milhões de hectares queimados, 43% eram áreas de formação florestal, enquanto 33,7% eram pastagens. Historicamente, a classe mais atingida era a de uso agropecuário.

A concentração do fogo em vegetação nativa também aumentou: 72,7% da área queimada no Brasil em 2024 ocorreu em ecossistemas naturais, como florestas e savanas. Na Amazônia, o pico de queimadas se deu entre agosto e outubro, quando 64,6% dos incêndios foram registrados, período marcado pela estiagem.

Os estados do Pará, Amazonas e Rondônia se destacam entre os maiores acumuladores de áreas queimadas na região Norte. O Pará, por exemplo, somou mais de 31 milhões de hectares afetados desde 1985. O Amazonas teve 4,9 milhões de hectares queimados no período, segundo o relatório.

No recorte municipal, seis dos 15 municípios que mais queimaram no Brasil estão na Amazônia, com destaque para São Félix do Xingu (PA), que ultrapassou a marca de 3 milhões de hectares queimados — liderando ao lado de Corumbá (MS), no Pantanal.

Os dados revelam ainda que o fogo tem sido um evento recorrente: 64% da área queimada no Brasil foi atingida mais de uma vez nas últimas quatro décadas. Na Amazônia, 47,9% das áreas queimadas têm menos de 500 hectares, demonstrando a fragmentação das ocorrências, mas sem perder a intensidade. O relatório completo está disponível no site do MapBiomas.


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1 comentário

  1. Queimadas na Amazonia e nao mais um assunto politico? Nao mais culpe de uma direita ou esquerda governo? Diversidade natural nao mais um garante para uma regiao verde?

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