Contexto

Aquecimento Global: Temperatura Média Global em 2024 ultrapassou 1,6°C

A temperatura global em 2024 alcançou 1,6°C acima dos níveis pré-industriais, alertando para impactos graves no Brasil, como queimadas recordes, ameaças ao agronegócio e custos altos de adaptação. Cientistas alertam para a urência em combater desmatamento e combustíveis fósseis

A comunidade científica alertava desde 2023 que 2024 poderia ser o ano em que a temperatura global ultrapassaria, ainda que brevemente, o limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris. O observatório europeu Copernicus confirmou essa previsão nesta sexta-feira (10/01/2025), ao divulgar que a temperatura média global em 2024 ficou 1,6°C acima dos níveis pré-industriais. Embora o acordo considere uma média de décadas, o número ressalta a urgência de ações contra a crise climática.

“Este 1,6°C reforça a urgência do compromisso global de se afastar dos combustíveis fósseis e de colocar um fim no desmatamento”, afirmou Patrícia Pinho, diretora adjunta de Pesquisa do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).

Impactos Regionais

As variações regionais dos 1,6°C globais são alarmantes. Segundo Pinho, no Ártico isso significa um aumento de até 7°C, intensificando o degelo. Na Amazônia, o aquecimento local chega a 4°C, afetando severamente o ecossistema e as populações, conforme alertou o Vocativo em 2021. No Brasil, os efeitos já são sentidos. Em 2024, incêndios florestais e a fumaça resultante causaram impactos à saúde, ao meio ambiente e à economia. Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que a área queimada foi a maior desde 2010.

Ameaça ao Clima e à Economia

Apesar da queda no desmatamento da Amazônia, a destruição de florestas segue como um dos maiores desafios climáticos. Pesquisadores do IPAM destacam que proteger 56,5 milhões de hectares de terras públicas na Amazônia poderia evitar a emissão de mais de 8 bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a um ano de emissões globais.

O Cerrado e a Amazônia concentram 85% do desmatamento no Brasil, com a derrubada crescendo no bioma do Cerrado. Essa perda ameaça o agronegócio, um dos pilares econômicos do país, que depende das chuvas geradas por esses ecossistemas. Um estudo publicado na Nature Climate Change mostrou que a mudança do clima pode inviabilizar o plantio em 70% das áreas agricultáveis do Centro-Oeste até 2050, caso não haja investimentos em adaptação.

Adaptação e Custos

A falta de planejamento adaptativo também é um obstáculo. Apenas 30 municípios brasileiros têm planos de adaptação climática concluídos. O Adaptation Gap Report estima que os custos para medidas de adaptação na América do Sul alcançarão 200 bilhões de dólares por ano até 2030. Sem essas ações, o custo pode triplicar e as populações continuarão vulneráveis aos desastres climáticos associados ao aquecimento global.

“O preço a pagar será três vezes maior e as populações continuarão sendo colocadas em risco, porque os recordes de temperatura global estão associados às catástrofes climáticas que estamos vivendo no Brasil inteiro”, conclui Patrícia Pinho.


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1 comentário

  1. Fred, você tem certeza de que não pode haver outras razões para essa mudança climática unilateral? Fred, você tem certeza de que não está sendo usado como propagandista de uma das autoridades mais corruptas do Brasil?

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