O avanço da tecnologia cibernética sempre levantou dúvidas a respeito da segurança. Na última sexta-feira (09/02/2024), a Polícia Federal realizou operação para investigar os autores de uma manipulação de áudio que simulou a voz do prefeito de Manaus, David Almeida. O fato é que o Estado brasileiro ainda está apenas começando a desenvolver uma política de segurança cibernética, enquanto a tecnologia já influencia nosso cotidiano.
Decreto presidencial instituiu em janeiro a Política Nacional de Cibersegurança (PNCiber), que terá como finalidade orientar a atividade de segurança cibernética no país. O decreto, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, institui também o Comitê Nacional de Cibersegurança (CNCiber), grupo ao qual caberá propor atualizações tanto para o PNCiber como para seus instrumentos, no caso, a Estratégia Nacional (e-Ciber) e o Plano Nacional de Cibersegurança (p-Ciber).
Entre os princípios e objetivos detalhados pelo decreto presidencial para o PNCiber está o desenvolvimento de mecanismos de regulação, fiscalização e controle para aprimorar a segurança e a resiliência cibernéticas nacionais; e a promoção ao desenvolvimento de produtos, serviços e tecnologias de caráter nacional, destinados à cibersegurança.
O grande problema é que enquanto os grupos de trabalho ainda estão sendo estabelecidos, a tecnologia já está entre nós. “Neste momento ainda estamos ainda numa fase bastante embrionária. A maioria dos detalhes ainda devem ser construídos. Foram definidas as bases em cima das quais pode ser construída uma boa política de cibersegurança. Porém, ainda não existem esses detalhes”, explica Luca Belli, professor da FGV Direito Rio e autor do estudo A Cibersegurança rumo a uma visão sistêmica para um Brasil digitalmente soberano.
IA mais popular aumenta o perigo
Sem dúvida, uma das maiores preocupações da opinião pública atualmente é a chamada inteligência artificial (IA) para fins políticos, especialmente em época de eleições. No entanto, embora atualmente isso já tenha acontecido, há outras aplicações para essa tecnologia que são ameaças em potencial.
Além dos sistemas de inteligência artificial generativa, como os chats, por exemplo, que não somente ajudam a escrever textos, há também outros capazes de gerar códigos que podem ser utilizado para malware (“software malicioso”) que ajuda a perpetrar ataques. Há inteligências artificiais capazes de recriar dados biométricos para identificação de senhas, por exemplo.
Ainda de acordo com Belli, com o desenvolvimento e a definição de sistemas mais complexos, vai ser mais difundido também o uso da IA, consequentemente aumentará o uso desse tipo de sistema para perpetrar ataques. “Nesse sentido, por enquanto, porém, a política ainda não está fazendo muito para lidar com com essa ameaça”, alerta.
Apesar dos riscos, o pesquisador afirma que a IA também poderá ser utilizada no próprio desenvolvimento de mecanismos de segurança. “Estamos indo numa boa direção. Esses mecanismos serão implementados ainda, algo que precisamos ver nos próximos meses, ao longo do próximo ano ou anos, talvez muito mais provavelmente anos”, salientou Luca.
Descubra mais sobre Vocativo
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

