Amazonas

Ex-coordenador da UNIVAJA morre em Manaus

Ex-coordenador da UNIVAJA, Paulo Marubo lutava pela vida em estado grave no corredor de um hospital público de Manaus

O ex-coordenador da União dos povos indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA), Paulo Marubo, morreu neste sábado (03/02/2024) em Manaus, em decorrência de complicações da hepatite.

Nos últimos dias, ele foi notícia por aguardar em estado grave aguardando atendimento médico no corredor de um hospital de Manaus. Ele só foi transferido para a uma unidade de referência na última terça-feira (30/01/2024), após a sua situação vir a público. Além da condição clínica delicada, Marubo era uma das 11 lideranças ameaçadas de morte por grupos criminosos que operam na mesma região onde foram mortos o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips, em junho de 2022.

Segundo membros da UNIVAJA, Paulo, que é portador de hepatite, teve piora no quadro de saúde e está lutando há mais de 20 dias para ser atendido via Sistema Único de Saúde (SUS). Inicialmente, ele foi transferido de Cruzeiro do Sul, no Acre, onde mora, para Tabatinga na fronteira do Brasil com a Colômbia, de avião. Lá, no entanto, não conseguiu atendimento médico devido à falta de estrutura.

A UNIVAJA então procurou ajuda na Defensoria Pública do Estado do Amazonas, conseguindo que Marubo fosse removido logo em seguida para Manaus. Há uma semana, o ex-coordenador se encontra sem atendimento médico adequado em um hospital da rede pública de Manaus. Segundo os membros da UNIVAJA, Paulo precisa de reposição de plaquetas e retirada de líquido da cavidade abdominal. Além disso, há ainda outro perigo.

Ameaçado

Em setembro de 2022, Paulo Marubo denunciou à Organização Não Governamental (ONG) Brasil de Direitos que foi ameaçado de morte pouco antes dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, no interior do Amazonas em junho do mesmo ano. Marubo é uma das vozes que denuncia, há anos, o avanço de madeireiros, pescadores ilegais e narcotraficantes na região.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos determinou, também em 2022, medidas cautelares para proteger 11 pessoas ameaçadas na região, dentre elas Paulo Marubo. Após o ataque aos Kanamari, em abril de 2023, a Justiça Federal do Amazonas atendeu pedido da Defensoria Pública da União (DPU) e determinou a realização de operação conjunta com Funai, Ibama, Força Nacional e Forças Armadas, para coibir os criminosos que seguem ameaçando a vida de indígenas e servidores públicos na região.

As autoridades do Estado do Amazonas já teriam sido avisadas da situação, tendo em vista que Marubo é uma das 11 pessoas ameaçadas de morte por grupos criminosos que operam no Vale do Javari, no interior do estado. A Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) e a Secretaria de Estado da Comunicação do Amazonas (SECOM-AM) teriam sido avisadas , mas não retornaram os contatos do Vocativo até o momento.

Em nota enviada ao site, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), informa que o paciente deu entrada em uma unidade de saúde do Estado na manhã desta terça-feira 30/01/2024 e foi transferido para a uma unidade de referência, onde está sendo assistido por uma equipe multidisciplinar. “A unidade nega a informação de que o paciente estava no corredor. Ele foi atendido e recebeu todos os cuidados necessários. O estado saúde, é reservado aos familiares”, afirmou a secretaria.


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