Amazonas

Político do Amazonas se calam sobre morte de Julieta Martínez

Enquanto o brutal assassinato da artista venezuelana Julieta Hernández Martínez chocou e comoveu artistas de todo o país, políticos do alto escalão do Amazonas não se manifestaram sobre o crime. Índice de feminicídios no estado são assustadores

Nenhum político do alto escalão do Amazonas se manifestou a respeito do assassinato da artista venezuelana Julieta Hernández Martínez, de 37 anos, vítima de feminicídio em Presidente Figueiredo, distante 128 km de Manaus. No Brasil desde 2015, ela se apresentava como palhaça Jujuba em diversas partes do país e integrava o grupo de mulheres que viajam de bicicleta Pé Vermei.

O corpo da artista foi encontrado nesse sábado (06/01/2024) . Ela estava desaparecida desde 23 de dezembro. Amigos e ativistas fizeram uma campanha para tentar localizar a artista. Pelas redes sociais, foi informado que o valor arrecadado será, agora, usado para cobrir os custos do translado do corpo ao país de origem. Julieta viajava em direção à Venezuela para encontrar a família.

Silêncio de autoridades

Nem o governo do Amazonas ou mesmo o governador Wilson Lima (União Brasil) em suas redes particulares, nem os integrantes da bancada do Amazonas tanto na Câmara – Amon Mandel (Cidadania), Adail Filho (Republicanos), Saullo Viana (União Brasil), Fausto Santos Jr (UB), Átila Lins (PSD), Silas Câmara (Republicanos), Sidney Leite (PSD) e Capitão Alberto Neto (PL) – quanto no Senado – Omar Aziz (PSD-AM), Eduardo Braga (MDB-AM) e Plínio Valério (PSDB-AM) – fizeram qualquer menção ao crime.

O Vocativo fez o levantamento das plataformas X, Facebook e Instagram dos políticos citados acima desde sábado e não constatou qualquer menção. Vários deles, no entanto, se manifestaram recentemente sobre assuntos aos quais não possuem qualquer ligação com suas atuações políticas, como a morte do ex-técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Mário Jorge Lobo Zagallo e a entrada da cunhã-poranga do Boi Garantido, Isabelle Nogueira, no programa Big Brother Brasil (BBB).

O crime chocou artistas de todo o país, que realizaram e ainda vão realizar atos de homenagem Julieta e em protesto contra casos de feminicídio em todo o país. Diversas entidades artísticas e movimentos sociais manifestaram pesar pela morte da artista venezuelana. Ela estava no Brasil desde 2015 e se apresentava como palhaça Jujuba em diversas partes do país e integrava o grupo de mulheres Pé Vermei que viajam de bicicleta.

Números assustadores

O crime também chamou atenção para os números de feminicídio no Amazonas. Segundo relatório “Violência contra meninas e mulheres no 1º semestre de 2023”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios no Amazonas cresceu 87,5% no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período em 2022. Foram 15 mortes registradas em 2023 contra oito no ano passado. No Brasil, o aumento foi de apenas 2,6%, passando de 704 casos para 722.

O aumento de homicídios dolosos que tiveram como vítimas mulheres (não necessariamente feminicídios) foi de 35,9% no Amazonas, no período, subindo de 39 para 53 em números absolutos. A variação nacional foi de 2,6%, passando de 1.853 para 1.902.

Crime brutal

A Polícia Civil do Amazonas indiciou Thiago Agles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pelo assassinato da artista venezuelana Julieta Ines Hernandez Martinez. Ambos responderão por ocultação de cadáver, latrocínio e estupro.

Segundo a Polícia Civil, o boletim informava que o último contato da vítima com a família teria sido na madrugada do dia 23 de dezembro, quando ela teria dito que iria pernoitar em Presidente Figueiredo, e em seguida seguiria para Rorainópolis, em Roraima.

Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (8), o delegado titular da 37ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo, Valdinei Silva, deu mais detalhes sobre o crime. “A vítima estava dormindo em uma rede na varanda do local, quando Thiago pegou uma faca e foi até ela para roubar seu aparelho celular. Eles entraram em luta corporal, ele a enforcou, a jogou no chão e pediu que Deliomara amarrasse os pés dela. Em seguida, ele a arrastou para dentro da casa, pediu que a esposa apagasse as luzes e passou a abusar sexualmente da vítima”, detalhou o delegado.

O delegado disse que após Deliomara ter visto a cena, jogou álcool e ateou fogo nos dois. Thiago conseguiu apagar o fogo com um pano molhado e foi até uma unidade hospitalar receber atendimento médico.  Julieta foi enforcada com uma corda e teve seu corpo enterrado em uma cova rasa nas proximidades do local onde estava.

O casal foi preso em flagrante na sexta-feira (5) e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva pela Justiça do Amazonas no sábado (6). No mesmo dia, com o apoio do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas, com os cães farejadores, o corpo de Julieta foi encontrado em uma cova no quintal do refúgio, além de outros pertences.


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