A Polícia Federal (PF) instaurou nesta sexta-feira (22/12/2023) inquérito policial para investigar caso de difamação eleitoral produzido por meio de inteligência artificial (IA). As investigações tiveram início após denúncia do prefeito de Manaus, que informou a circulação de um áudio pelas redes sociais atribuído a ele com insultos aos professores do município. Em matéria publicada em novembro, o Vocativo adiantou os possíveis usos políticos dessa tecnologia.
A análise do áudio comprovou que a voz foi manipulada com a utilização de inteligência artificial (IA). Dois suspeitos foram identificados e serão ouvidos nos próximos dias. De acordo com as investigações iniciais realizadas pela perícia da Polícia Federal no Amazonas, foi constatado que o áudio se trata de uma montagem, com possíveis recursos de Inteligência Artificial, contendo fragmentos de outros tipos de áudios, além de simulações.
“Já de forma bem célere, avaliamos o arquivo que foi apresentado e a gente pôde constatar que são simulações. Iremos nos aprofundar nas análises até a origem desse áudio, mas podemos afirmar de forma bem categórica que se trata de uma montagem, inclusive utilizando-se de outros áudios que já circulam na internet para poder fazer essas simulações”, pontuou o perito Cleiton Lopes.
O perito informou ainda que, por meio das investigações, será possível chegar ao dispositivo de onde foi gerado o áudio. “Inclusive, é possível fazer esse rastreio. Tudo isso que acontece na internet deixa esse mapeamento, deixa esses endereços e a gente consegue fazer esse rastreamento até a origem”, completou.
O superintendente da PF no Amazonas, Umberto Ramos, destacou ainda, que a investigação vai buscar identificar e punir todos os responsáveis pelo crime, e que com o ocorrido, o objetivo é descontinuar esse tipo de iniciativa, deixando claro que não existe anonimato na internet.
“Nosso objetivo é que com essa ação a gente promova uma medida para descontinuar esse tipo de iniciativa, deixando claro que não existe anonimato na internet e deixando claro que qualquer tipo de montagem, Fake News, utilização de inteligência artificial de maneira indevida com o objetivo eleitoral, será investigado e os seus autores serão identificados e punidos”, ressaltou.
O uso da nova tecnologia em campanhas políticas para manobras de criação de fake news em relação a candidatos em pré-campanha já configura preliminarmente o crime de difamação eleitoral, com pena de detenção. As investigações seguem em andamento.
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