Amazonas

Cenário da dengue no Amazonas ainda é preocupante

O governo do Amazonas comemorou dado apontando o estado na 8ª colocação no ranking de menor coeficiente de incidência de casos prováveis de dengue no Brasil. Quadro real é bem mais sério

O governo do Amazonas comemorou na última sexta-feira (26/04/24) que o estado ocupa o 8º lugar no ranking de menor coeficiente de incidência de casos prováveis de dengue no Brasil. O total é de 8.880 casos prováveis e uma incidência de 225,3 casos a cada 100 mil habitantes. Os dados constam no Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde. Mas, ao contrário do discurso otimista do governo, a situação é mais preocupante do que parece.

“Mesmo com toda a subnotificação que sabemos existir, já contabiliza cerca de 25 mil casos suspeitos de arboviroses, somente em 2024. Esse número é cerca de 3 vezes maior que o pouco realista número de casos prováveis do Ministério da Saúde”

Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz Amazônia

O Informe Epidemiológico da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) de 01/01/2024 a 25/04/2024, por exemplo, mostra um cenário mais preocupante. “Os 8.880 casos prováveis do Ministério da Saúde, estão defasados e mostram apenas uma parte do problema, a de casos prováveis”, explica Jesem Orellana, epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz Amazônia.

“Mesmo com toda a subnotificação que sabemos existir, já contabiliza cerca de 25 mil casos suspeitos de arboviroses, somente em 2024. Esse número é cerca de 3 vezes maior que o pouco realista número de casos prováveis do Ministério da Saúde”, afirma o pesquisador.

No ranking, o estado fica atrás de Roraima (39,6), Ceará (109,3), Sergipe (138,2), Maranhão (138,4), Alagoas (169,7), Pará (174,3) e Piauí (224,2). Os estados com maior incidência são: Paraíba (230,8), Pernambuco (252,1), Rondônia (298,2), Tocantins (327,6), Rio Grande do Norte (402,7) e Mato Grosso do Sul (538,4).

Para se ter uma ideia e olhando somente os dados de janeiro, fevereiro e março de 2024, em comparação aos mesmos meses de 2023, houve um aumento de cerca de 200% no número de casos suspeitos de arboviroses no Amazonas. “Isso está muito longe de ser bom. Se estamos mergulhados em uma epidemia de Dengue e de Febre Oropouche, apenas para citar as arboviroses, , alerta o pesquisador.

Para o epidemiologista, esse montante de casos suspeitos oculta milhares de outros casos que os serviços de saúde do Amazonas deixaram de diagnosticar e notificar de forma oportuna e efetiva. “Mesmo ignorando o resto do iceberg e olhando somente os distorcidos casos do Ministério da Saúde, ficar em 8º lugar e com uma incidência de cerca 230 para cada 100 mil habitantes é extremamente preocupante”, avalia Jesem.


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