Esse texto contém spoilers de WandaVision
Uma das coisas que sempre me encantou no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, em inglês) foi a mobilidade das tramas. Você nunca assistia um filme ou série sem que ela te levasse para algum lugar e sempre de forma perfeitamente sincronizada. Primeira série original do Disney+, serviço de streaming da gigante do entretenimento mundial, WandaVision terminou na última sexta-feira (07/03) com um gostinho agridoce na boca. Não dá pra dizer que a série é ruim, mas a sensação é que os produtores pisaram no freio.
A começar que não vi nenhuma grande mudança narrativa ou na estética dos episódios, ainda que os primeiros tenham feito mesclas bem interessantes com sitcoms dos anos 1950, 1960, 1970 e 1980, o que foi logo abandonado para dar algumas respostas ao público. Ficou a sensação de que ficaram com medo de ousar demais. Só uma menção honrosa: a atuação excelente de Elizabeth Olsen, a melhor até aqui do MCU.
Mas o pior foi o conteúdo em si. Praticamente todas as teorias se mostraram infundadas, a exceção da identidade de Agnes, que era, na verdade a bruxa Ágatha Harkness. O que, convenhamos, não era exatamente um desafio. O problema não é errar as teorias, mas simplesmente não termos uma mudança significativa no MCU depois de WandaVision. Ok, o Visão voltou e a Wanda ficou mais poderosa. E daí? Mesmo filmes mais leves e descompromissados como Homem-Formiga e a Vespa tiveram reviravoltas e grandes mudanças no rumo das histórias.
A escalação de Evan Peters e toda a expectativa com alguma ligação com o Multiverso devido ao paralelo com o Pietro Maximoff também foi bastante decepcionante e preguiçosa. Se a ideia é ignorar completamente os filmes da FOX, por que colocar um ator daqueles filmes para apenas criar a hype?
Se foi uma jogada de marketing, foi um belíssimo tiro no pé. Toda a expectativa criada para as próximas produções acabou. Ficou a sensação de que qualquer easter egg ou participação que pareça uma pista de algo maior não passa de marketing furado. Parece que as produções “a vera” (como surgirão X-Men e Quarteto Fantástico) só serão revelados em eventos para investidores, não de surpresa no final de temporada de Loki, por exemplo, o que quebraria a internet.
A Marvel conseguiu algo muito difícil no mundo do entretenimento: criou conteúdo de qualidade que se conecta com o mundo real (quando entende a importância da diversidade, por exemplo) e dá lucro. Mas não pode sentar em cima das próprias glórias. Muito menos se auto-parodiar. Esse universo precisa crescer e ir em frente. A boa notícia é que tem muito material pra explorar, atores excelentes nos papeis e boas cabeças pensantes. WandaVision é bom, mas para a Marvel, não é mais o bastante.
Não tem jeito. Quando você atinge um patamar tão alto quanto de um Vingadores: Ultimato, não tem mais como descer. O jeito é botar a cabeça pra funcionar e criar algo ainda maior. Qualquer coisa diferente disso será decepcionante. Quem mandou nos acostumar mal?