Contexto Opinião

Vitória de Pacheco sinaliza o caminho para vencer o bolsonarismo

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) foi reeleito, na tarde desta quarta-feira (01/02/2023), presidente do Senado pelos próximos dois anos. Mais do que garantir a estabilidade institucional ao impedir que um extremista de direita comandasse os trabalhos do Senado, a vitória do senador mineiro trouxe uma lição importante: mostrou que isolar via política de bastidores é o melhor caminho para neutralizar o bolsonarismo.

A eleição ocorreu após a posse dos senadores eleitos em outubro de 2022 e o início do ano legislativo na Casa. Pacheco derrotou Rogério Marinho (PL-RN) e Eduardo Girão (Podemos-CE) por 49 votos contra 32. Não houve votos em branco. Esse último chegou a discursar como candidato, mas retirou sua candidatura em seguida para apoiar Marinho.

Já a segunda eleição do dia foi praticamente uma aclamação. Com 464 votos, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi reconduzido para mais um mandato no biênio 2023-2024. Lira foi apoiado por um único bloco parlamentar reunindo 20 partidos, incluindo duas federações. Ele obteve a maior votação absoluta de um candidato à Presidência da Câmara nos últimos 50 anos.

Análise

Nos últimos dias, a máquina de comunicação bolsonarista inundou as redes sociais com críticas a Rodrigo Pacheco e uma campanha pesada em favor do seu concorrente, o bolsonarista Rogério Marinho (PL-RN). O volume de engajamento foi tanto que muitos analistas políticos cairam no erro de imaginar que isso seria levado para os corredores do Senado previram uma eleição apertada ou até mesmo a chance de uma virada. Ela, no entanto, não aconteceu. Não se enganem: vencer com 3/5 dos votos mesmo com uma bancada bolsonarista poderosa é um fato significativo a favor do governo Lula.

O que isso mostra? Há um ponto fraco na ação da extrema direita brasileira. Quando ela sai dos ringues da internet e vai para o embate nos bastidores, sua truculência se torna uma fraqueza e a capacidade de articulação é pequena. Diante de um Congresso onde o bloco fisiológico que convencionamos chamar de “Centrão” domina, quem domina a arte da negociação política, comanda o país. Bem, nesse caso também ajuda muito ter a chave do cofre, mas isso é assunto para outro dia.

Claro que, com tantos nomes de peso na oposição, Lula não terá vida fácil, nem na Câmara, nem no Senado. Mas ficou claro que o Congresso está imune a pressões da máquina de fake news bolsonarista. Pelo menos enquanto os períodos eleitorais ainda estiverem distantes. Resta agora trabalhar essa base em cima de um plano de governo mais claro.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: