“Um modal com uma vista para o rio Negro durante o trajeto que não contamina, não congestiona e que é acessível. Esse é o meio de transporte que o prefeito David Almeida tem anunciado para integrar o projeto Nosso Centro”.
Com essa chamada, a Prefeitura de Manaus anunciou com pompa e circunstância nesta sexta-feira (23/08/21) o projeto de um teleférico de 1,2 quilômetro, que pretende ligar o Centro até a orla do São Raimundo, na zona Sul da capital. Embora a cidade realmente tenha problemas de mobilidade urbana, essa não é a primeira vez que uma administração local promete obras faraônicas. E em nenhuma das vezes anteriores, isso se concretizou.
Nova Veneza e Metrô de Superfície
No ano 2000, em campanha para a releição, o então prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, prometeu dois projetos que seriam revolucionários. O primeiro deles foi a criação de casas populares, retirando moradores da orla dos igarapés e levando-os para conjuntos habitacionais, o chamado Nova Veneza.
O outro, não menos estiloso, era a construção de um metrô de superfície, resolvendo enfim os problemas de transporte público da capital. As obras, é claro, nunca sairam do papel. O mais perto disso foi a tentativa de adoção do chamado Sistema Expresso, mas que não resolveu e durou pouco. Ah, mas Alfredo Nascimento foi reeleito.
Monotrilho / BRT
Em campanha para que Manaus fosse sede da Copa do Mundo de 2014, o então governador do Amazonas, Eduardo Braga, anunciou duas obras de alto impacto, das quais apenas uma saiu do papel: a Arena da Amazônia e o Monotrilho. O estádio foi construído, mas os projetos de transporte público esbarraram na falta de planejamento e irregularidades.
Em agosto de 2010, por recomendação do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) e do Ministério Público do Estado do Amazonas (MP/AM), a Caixa Econômica Federal (CEF) resolveu não aprovar o financiamento, alegando que a obra, estimada em R$ 1,3 bilhão, não atendia aos requisitos legais. Mais tarde, ela acabou abandonada completamente.
Cidade Universitária
A última e mais cara dessas obras foi o projeto da Cidade Universitária da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Projetada para abrigar, no primeiro momento, o campus da UEA, a nova cidade foi concebida para ter espaços residenciais, comércio, serviços públicos, eixos viários, áreas de lazer e de turismo e foi lançada em julho de 2012, pelo então governador do Amazonas, Omar Aziz.
Mas a obra enfrentou uma série de obstáculos e acabou nunca sendo concluída. Em fevereiro de 2013, o MPF/AM recomendou não iniciar a licitação para contratar as obras da primeira etapa da Cidade Universitária, antes que o projeto básico do empreendimento seja analisado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Amazonas (Crea-AM) e pelo Instituto de Arquitetos do Brasil no Amazonas (IAB-AM).
Anos se passaram, a administração estadual mudou e a obra encalhou. Em 2017, então governador José Melo (PROS), atribuiu a paralisação das obras da Cidade Universitária à falta de recursos. Melo perdeu o cargo após as denúncias de irregularidades apontadas na Operação Maus Caminhos e nunca mais se falou do projeto, que custou aproximadamente R$ 700 milhões, mais que o dobro do valor inicial. Hoje, só o que existe em Iranduba são escombros.