Uma nova pesquisa Datafolha para a presidência divulgada nesta quinta-feira (28/07/2022) mostra que o anúncio de uma série de benefícios sociais não surtiu efeito na campanha para releeição do presidente Jair Bolsonaro (PL). E ela pode representar fim de jogo para o atual chefe da República.
O levantamento aponta que o ex-presidente Lula (PT) mantém liderança com ampla vantagem de 47% das intenções de voto. Se as eleições fossem hoje, venceria o pleito já no primeiro turno, já que isso representa 53% nos votos válidos. Já Bolsonaro aparece com 29% (32% em votos válidos), há uma distância de 18 pontos do ex-presidente.
Impacto das medidas não começou
O cenário não chegou a surpreender, uma vez que o pacote de benefícios aprovado pelo governo – ampliação do Auxílio Brasil para R$ 600,00, aumento no vale-gás, voucher para combustível de caminhoneiros e a gratuidade para idosos nos transportes públicos – ainda não foi pago, logo, a avaliação do presidente ainda não foi influenciada por ele. Mas a essa altura, é pouco provável que ele seja capaz de mudar a disputa.
Sem tempo
Faltam pouco mais de 60 dias do primeiro turno das eleições. E o anúncio dos benefícios não foi suficiente para alterar a percepção do eleitor. Com ele sendo pago em agosto, só restará dois meses para que esse dinheiro possa modificar de fato a vida do eleitor. Isso se a inflação permitir, claro.
Vale lembrar, por exemplo, que o Auxílio Emergencial pago no início da pandemia só causou melhora na avaliação do governo Bolsonaro meses depois. E ainda assim, em cenário onde ele não tinha concorrentes e antes da derrocada da economia nos dois anos seguintes.
Além disso, várias categorias como caminhoneiros e motoristas já são predominantemente bolsonaristas, o que faz esse pacote ser, ao menos em parte, “pregar para convertido”. Com tudo isso, parece improvável que esse pacote consiga reverter o cenário da eleição.
Sem golpe
E se o presidente pretendia melar o jogo para tentar manter o foro privilegiado, melhor repensar a estratégia. A argumentação de fraude nas eleições, seja no primeiro ou no segundo turno, tende a ser nula. A narrativa encontrou forte reação institucional de vários segmentos da República e de partidos políticos, incluindo o próprio PL de Bolsonaro.
A comunidade internacional também reagiu ao tom golpista do presidente e prometeu retaliações em caso de golpe. Até a sempre fiel ao governo elite financeira do país, puxada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação Nacional dos Bancos (Frebraban) também já deixou claro que não aceitariam uma ruptura institucional.
Mas com arruaça
A derrota de Bolsonaro parece cada vez mais inevitável. Diante disso, o principal risco que se desenha são ações de terrorismo e vandalismo dos seus militantes mais extremistas, tal qual o incidente ocorrido em Foz do Iguaçu, no Paraná. Mas mesmo isso pode não acontecer.
As possíveis manifestações no dia 07 de setembro servirão como termômetro inclusive para esse aspecto da eleição. Se o dia transcorrer sem incidentes e a presença de manifestantes nas ruas for menor do que em 2021, Bolsonaro e o resto do país poderão testemunhar, ao vivo, o final do seu governo na prática.