A segunda parte do 6º Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – sigla em inglês) foi apresentada nesta segunda-feira (28/02/2022) aos governos mundiais e o cenário é grave e em alguns casos, já irreversível. Com foco em impactos, adaptação e vulnerabilidade, o relatório apresentou os impactos das mudanças climáticas, especialmente para as populações que vivem em situação de vulnerabilidade.
O relatório conclui que o mundo já está enfrentando as consequências “inequívocas” da mudança climática, que está matando pessoas, prejudicando a produção de alimentos, destruindo a natureza e reduzindo o crescimento econômico. Alguns desses danos já são considerados irreversíveis. O relatório apela para “uma ação global de antecipação concertada” para evitar perder “uma breve e rápida janela de oportunidade para assegurar um futuro viável e sustentável para todos”.
O documento afirma ainda que com o aquecimento futuro, os danos aumentarão rapidamente. A adaptação pode ajudar a lidar com alguns desses danos, mas ainda é pouco financiada. Limitar o aquecimento a 1,5°C reduziria substancialmente as perdas e danos projetados, mas as perdas já se tornaram irreversíveis. E com as emissões contínuas haverá mais riscos aos quais não seremos capazes de nos adaptar. Cortes mais rápidos de emissões serão a única maneira de limitar as consequências da mudança climática.
“O relatório do IPCC mostra que os impactos da crise do clima são irreversíveis. A população em situação de vulnerabilidade, que já sofre com o descaso de nossos governantes, será a mais impactada. É urgente que haja uma mudança rápida nas políticas públicas de adaptação no Brasil e no mundo, com orçamento adequado para perdas e danos das populações atingidas”, alerta Fabiana Alves, porta-voz de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.
Brasil e América Latina
Os principais riscos à crise climática no Brasil e na América Latina incluem segurança hídrica; saúde devido a epidemias crescentes; degradação dos ecossistemas dos recifes de corais; riscos para a segurança alimentar devido a secas frequentes ou extremas; e danos à vida e à infraestrutura devido a inundações, deslizamentos de terra, elevação do nível do mar, tempestades e erosão costeira. Para a Amazônia, o risco de uma transição gradual de floresta tropical para savana (savanização) começa a aumentar em um nível entre 1,5°C e 3°C com um valor médio em 2°C.
Os eventos de chuvas fortes, que resultam em inundações, deslizamentos de terra e secas, devem se intensificar bastante em magnitude e frequência. Estima-se que o aquecimento de apenas 1,5°C resulte em um aumento de 100-200% no número da população afetada por inundações na Colômbia, Brasil e Argentina; 300% no Equador e 400% no Peru. Em abril, será divulgada a terceira parte do 6° relatório do IPCC, que avaliará formas de mitigar as mudanças climáticas. O relatório completo será divulgado em outubro.
Com informações do Greenpeace e da ClimaTempo