Amazônia

Quase metade da população do Amazonas está na linha da pobreza ou extrema pobreza

Dados do IBGE mostram quadro social desolador no Amazonas de 2019 pra cá. Quase metade da população vive em situação de pobreza, sendo que meio milhão vive na extrema pobreza e mais de 52% dos amazonenses vivem com até meio salário mínimo

Cerca de 505,3 mil pessoas ou 12,5% da população do Amazonas vivia em extrema pobreza monetária em 2020, ou seja, com menos de R$155 reais por mês. Mais de 1,79 milhão ou 44,5% dos amazonenses, viviam em situação de pobreza, com menos de R$450 por mês. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta sexta-feira (03/12/21) pelo IBGE.

Quando se observa o nível geográfico de Unidades da Federação, o Amazonas, com 12,5%, só perde para o Maranhão com 14,4% da população em situação de extrema pobreza pela ótica estritamente monetária (linha de US$ 1,90). O Instituto utilizou nessa análise os parâmetros do Banco Mundial de US$1,90 para extrema pobreza e US$ 5,50 para a pobreza, em termos de Poder de Paridade de Compra a preços internacionais de 2011.

Apesar de preocupante, a incidência de extrema pobreza em 2020 no Amazona caiu em comparação ao pior ano, que foi 2019, quando 21,5% da população no estado vivia em extrema pobreza. O mesmo acontece com a proporção de pessoas em situação de pobreza em 2020 (44,5%), que foi menor em comparação a 2019 (49,0%). Mas a explicação para isso está nos programas sociais.

Sem programas sociais, quadro seria pior

Pela primeira vez, o IBGE avaliou o impacto dos programas sociais na incidência de pobreza e extrema pobreza no país. Em um cenário hipotético sem o pagamento de benefícios, de 2012 a 2019, a proporção de pessoas nessas condições estaria num patamar de 2 a 3 pontos percentuais mais elevado, mas o comportamento do indicador seria o mesmo.

Porém, em 2020, ano afetado pela pandemia de coronavírus, o impacto da concessão de programas sociais se intensifica: no Brasil, a diferença de patamar com e sem os benefícios seria de 7,2 pontos percentuais para extrema pobreza e 8,0 pontos percentuais para pobreza. Além disso, haveria uma inversão no comportamento do indicador em relação ao ano anterior, e a proporção de pessoas em extrema pobreza e pobreza teria aumentado em vez de diminuído.

No Amazonas, a diferença de grau com e sem os benefícios seria de 13,6 pontos percentuais para extrema pobreza e 12,0 pontos percentuais para pobreza. Dessa forma, nesse cenário hipotético sem o pagamento de benefícios, 56,6% da população do Amazonas teria estado em situação de pobreza, e 26,1%, em situação de extrema pobreza, em 2020.

Desigualdade de renda

A análise do índice de Gini, que é um importante indicador da desigualdade no mundo, aponta que o Brasil permanece como um dos países mais desiguais quando se trata da distribuição de renda entre seus habitantes. E nesse quesito, mais uma vez o Amazonas se destaca negativamente.

Numa escala que varia de 0 (perfeita igualdade) a 1 (desigualdade máxima, situação em que um indivíduo receberia toda a renda de uma economia), o índice de Gini do Brasil foi de 0,524, em 2020, e este índice melhorou em relação a 2012 (0,540).

O índice de Gini do Amazonas (0,589) caiu em relação ao de 2019 (0,566), e em relação a 2012 (0,589), indicando melhora na desigualdade. Apesar disso, o Amazonas é o segundo do ranking, das unidades da federação com maiores índices de Gini. ou seja, o número indica maior desigualdade da população, com índice inferior apenas em relação ao Distrito Federal (0,601). Em Manaus, o índice de Gini foi 0,520, em 2020, inferior ao índice de 2012 (0,580), o que mostra queda na desigualdade.

Desigualdade de raça

A desigualdade racial, histórica na estruturação da sociedade brasileira, é evidenciada na análise da desigualdade de rendimentos. O rendimento domiciliar per capita médio da população preta ou parda, no Amazonas, em 2020, foi de somente 43,8% do observado para a população branca. Esse rendimento foi, em 2020, de R$ 629 para a população preta e parda e R$ 1.437 para a branca.

Percebe-se que a desigualdade de rendimento por cor ou raça caiu em oito anos, no Amazonas. Mas não porque houve melhora, mas sim queda no rendimento das pessoas brancas, enquanto o rendimento das pessoas pretas ou pardas cresceu menos. Em 2012, o rendimento era de R$ 1.672 para a população branca e de R$ 581 para a população preta ou parda. Considerando a população em geral, o rendimento domiciliar per capita era de R$ 828, em 2020, menos do que em 2019 (R$ 837).

Meio salário mínimo

Quanto à distribuição percentual de pessoas por classe de rendimento, 21,6% da população amazonense com alguma renda, em 2020, viviam com até o valor de 1 ⁄4 de salário mínimo per capita mensal (cerca de R$ 261) e mais da metade da população do Estado, 52,5%, com até 1 ⁄2 salário mínimo per capita (R$ 522). No outro extremo da distribuição, no Amazonas, 1,6% tinha rendimento per capita superior a cinco salários mínimos (R$ 5.225).

Na comparação com 2019, em 20120, aumentou o percentual de pessoas sem rendimento (de 1,3 para 2,0%); diminuiu o percentual de zero até ¼ do salário mínimo (de 26,6% para 21,6%) e aumentou o percentual de pessoas com mais de ¼ a meio salário mínimo (de 27,3 para 26,7%). No outro extremo de rendimento, subiu levemente o percentual de pessoas com mais de cinco salários mínimos (de 1,5 para 1,6%).

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