Cerca de 505,3 mil pessoas ou 12,5% da população do Amazonas vivia em extrema pobreza monetária em 2020, ou seja, com menos de R$155 reais por mês. Mais de 1,79 milhão ou 44,5% dos amazonenses, viviam em situação de pobreza, com menos de R$450 por mês. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta sexta-feira (03/12/21) pelo IBGE.
Quando se observa o nível geográfico de Unidades da Federação, o Amazonas, com 12,5%, só perde para o Maranhão com 14,4% da população em situação de extrema pobreza pela ótica estritamente monetária (linha de US$ 1,90). O Instituto utilizou nessa análise os parâmetros do Banco Mundial de US$1,90 para extrema pobreza e US$ 5,50 para a pobreza, em termos de Poder de Paridade de Compra a preços internacionais de 2011.
Apesar de preocupante, a incidência de extrema pobreza em 2020 no Amazona caiu em comparação ao pior ano, que foi 2019, quando 21,5% da população no estado vivia em extrema pobreza. O mesmo acontece com a proporção de pessoas em situação de pobreza em 2020 (44,5%), que foi menor em comparação a 2019 (49,0%). Mas a explicação para isso está nos programas sociais.
Sem programas sociais, quadro seria pior
Pela primeira vez, o IBGE avaliou o impacto dos programas sociais na incidência de pobreza e extrema pobreza no país. Em um cenário hipotético sem o pagamento de benefícios, de 2012 a 2019, a proporção de pessoas nessas condições estaria num patamar de 2 a 3 pontos percentuais mais elevado, mas o comportamento do indicador seria o mesmo.
Porém, em 2020, ano afetado pela pandemia de coronavírus, o impacto da concessão de programas sociais se intensifica: no Brasil, a diferença de patamar com e sem os benefícios seria de 7,2 pontos percentuais para extrema pobreza e 8,0 pontos percentuais para pobreza. Além disso, haveria uma inversão no comportamento do indicador em relação ao ano anterior, e a proporção de pessoas em extrema pobreza e pobreza teria aumentado em vez de diminuído.
No Amazonas, a diferença de grau com e sem os benefícios seria de 13,6 pontos percentuais para extrema pobreza e 12,0 pontos percentuais para pobreza. Dessa forma, nesse cenário hipotético sem o pagamento de benefícios, 56,6% da população do Amazonas teria estado em situação de pobreza, e 26,1%, em situação de extrema pobreza, em 2020.
Desigualdade de renda
A análise do índice de Gini, que é um importante indicador da desigualdade no mundo, aponta que o Brasil permanece como um dos países mais desiguais quando se trata da distribuição de renda entre seus habitantes. E nesse quesito, mais uma vez o Amazonas se destaca negativamente.
Numa escala que varia de 0 (perfeita igualdade) a 1 (desigualdade máxima, situação em que um indivíduo receberia toda a renda de uma economia), o índice de Gini do Brasil foi de 0,524, em 2020, e este índice melhorou em relação a 2012 (0,540).
O índice de Gini do Amazonas (0,589) caiu em relação ao de 2019 (0,566), e em relação a 2012 (0,589), indicando melhora na desigualdade. Apesar disso, o Amazonas é o segundo do ranking, das unidades da federação com maiores índices de Gini. ou seja, o número indica maior desigualdade da população, com índice inferior apenas em relação ao Distrito Federal (0,601). Em Manaus, o índice de Gini foi 0,520, em 2020, inferior ao índice de 2012 (0,580), o que mostra queda na desigualdade.
Desigualdade de raça
A desigualdade racial, histórica na estruturação da sociedade brasileira, é evidenciada na análise da desigualdade de rendimentos. O rendimento domiciliar per capita médio da população preta ou parda, no Amazonas, em 2020, foi de somente 43,8% do observado para a população branca. Esse rendimento foi, em 2020, de R$ 629 para a população preta e parda e R$ 1.437 para a branca.
Percebe-se que a desigualdade de rendimento por cor ou raça caiu em oito anos, no Amazonas. Mas não porque houve melhora, mas sim queda no rendimento das pessoas brancas, enquanto o rendimento das pessoas pretas ou pardas cresceu menos. Em 2012, o rendimento era de R$ 1.672 para a população branca e de R$ 581 para a população preta ou parda. Considerando a população em geral, o rendimento domiciliar per capita era de R$ 828, em 2020, menos do que em 2019 (R$ 837).
Meio salário mínimo
Quanto à distribuição percentual de pessoas por classe de rendimento, 21,6% da população amazonense com alguma renda, em 2020, viviam com até o valor de 1 ⁄4 de salário mínimo per capita mensal (cerca de R$ 261) e mais da metade da população do Estado, 52,5%, com até 1 ⁄2 salário mínimo per capita (R$ 522). No outro extremo da distribuição, no Amazonas, 1,6% tinha rendimento per capita superior a cinco salários mínimos (R$ 5.225).
Na comparação com 2019, em 20120, aumentou o percentual de pessoas sem rendimento (de 1,3 para 2,0%); diminuiu o percentual de zero até ¼ do salário mínimo (de 26,6% para 21,6%) e aumentou o percentual de pessoas com mais de ¼ a meio salário mínimo (de 27,3 para 26,7%). No outro extremo de rendimento, subiu levemente o percentual de pessoas com mais de cinco salários mínimos (de 1,5 para 1,6%).