Desde fevereiro de 2022, o número de famílias ameaçadas de despejo cresceu pouco mais de 50% em todo o país, subindo de 132.291 para os atuais 200.323. No Amazonas, o número está próximo de 30 mil, colocando o Estado em segundo no ranking nacional. É o que mostra o Mapeamento Nacional dos Conflitos pela Terra e Moradia, da Campanha Despejo Zero, divulgado nesta terça-feira (14/02/2023).
De acordo com o levantamento, o estado com maior número de famílias nessa situação é São Paulo (63.424), seguido por Amazonas (29.659) e Pernambuco (21.303). Em todo o país, ao todo são 950.848 pessoas atingidas. Dessas, 627.560 (66%) são negras e 570.509 são mulheres (60%), além de 162.595 crianças e 159.742 pessoas idosas.
No Amazonas, além das 29.659 atingidas, há ainda 4.789 famílias despejadas e 3.974 com o processo de despejo suspenso. No total, 138.204 pessoas sofrem ameaça ou já foram atingidas pela perda de suas casas em todo o Estado.

“O despejo é devastador para as famílias, especialmente para mulheres, crianças e pessoas idosas. Desde o momento da ameaça, quando acontece o medo de ser despejado, além do trauma de um despejo violento, até às violações de direito enfrentadas por não ter onde morar. A moradia é porta de entrada para uma série de direitos básicos”, afirma Raquel Ludermir, coordenadora de Incidência Política da Habitat para a Humanidade Brasil.
As maiores consequências do problema acabam sendo justamente as crianças. “Sem teto e sem comprovante de residência, as crianças não conseguem ter acesso à escola e aos serviços de saúde e lazer, enquanto as pessoas idosas sofrem por questões identitárias e pelos laços afetivos criados com o território”, lamenta Ludermir.
Além das famílias ameaçadas de despejo, o levantamento mostra também que o país tem mais de 1115 conflitos envolvendo disputas por terra e moradia. Desde junho de 2020, quando a campanha Despejo Zero foi lançada, identificou-se pelo menos 36.566 grupos familiares que foram vítimas de despejo.
A plataforma permite o mapeamento de conflitos pela terra e moradia em todo Brasil de forma contínua e colaborativa. Por ter recortes geográficos variados, indo desde os municípios até a nível nacional, é também uma importante fonte para jornalistas produzirem matérias sobre o tema.