As primeiras ações do governo de Joe Biden nos Estados Unidos (EUA) mostram a tendência de isolamento político internacional do Brasil nos próximos anos. Nas primeiras 24 horas da nova administação, o país retornou à Organização Mundial de Saúde (OMS), anunciou que vai se integrar à iniciativa Covax, que busca entregar vacinas contra Covid-19 a países pobres e já estabeleceu a retomada da agenda ambiental como uma de suas prioridades.
As três medidas entram em choque direto com a política do antecessor de Biden, Donald Trump, a qual o Brasil tinha total alinhamento, o que significa conflito direto com os interesses do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
A entrada na Covax foi anunciada pelo principal conselheiro médico de Biden, Anthony Fauci (foto), à OMS nesta quinta-feira (21). Fauci é imunologista e chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. dos EUA e por meses foi alvo de ataques do ex-presidente Trump justamente por contrariar sua visão negacionista. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, saudou o anúncio feito ao conselho executivo da entidade: “Esse é um bom dia para a OMS e um bom dia para a saúde global”.
Os primeiros lotes de vacinas para países pobres devem ser entregues pela Covax em fevereiro, disseram autoridades da OMS nesta semana, apesar de manifestarem preocupações com o fato de que os países ricos estão ficando com a esmagadora parcela das doses disponíveis. A Covax é gerenciada pela OMS com a aliança para vacinas Gavi.
Acordo de Paris
Outra diretriz do novo presidente norte-americano que deve causar problemas à política brasileira é a agenda ambiental. Joe Biden anunciou na quarta-feira (20), o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris. Biden prometeu colocar os Estados Unidos no caminho do saldo zero em emissões de gases de efeito estufa até 2050.
Vale lembrar que, durante a campanha presidencial, o democrata deixou claro que iria impor sanções econômicas ao Brasil caso o país não diminuísse o desmatamento na Amazônia. Biden inclusive ofereceu fundos para manter a preservação da floresta. A resposta de Bolsonaro foi ríspida: “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”. O mandatário dos EUA não respondeu.
Foto: NIH