A Polícia Federal realiza nesta terça-feira (27/06/2023), a Operação Jurupari. A ação investiga a ação de militares de alta patente em crimes de usurpação de bem público da União, garimpo ilegal com uso de substância perigosa, organização criminosa e lavagem de capitais.
As investigações tiveram início em outubro de 2020, com a prisão em flagrante de duas pessoas na cidade de Ji-Paraná, em Rondônia. Elas tentavam transportar 60g de ouro em lingote, sem qualquer documentação, avaliado em R$18.600,00. A partir da apreensão dos celulares dos presos, foram constatados indícios de extensa rede de exploração ilegal de garimpo na região de Japurá, no Amazonas.
Os investigadores descobriram envolvimento de militares de alta patente, que recebiam valores regulares, através da empresa de importação e exportação de minérios. Um militar supostamente repassaria informações privilegiadas e interferiria nas operações de combate aos garimpos ilegais. Sua esposa receberia valores em nome dos investigados.
Assassinato
Um dos presos foi assassinado no dia 14/10/2020, em frente a sua loja de revenda de carros, na cidade de Curitiba/PR, após ter sido solto na audiência de custódia. Após a instauração de inquérito policial para apurar os fatos, confirmou-se que ele seria responsável pela exploração ilegal de garimpo. Ele utilizava sua esposa e uma empresa para facilitar transações ilegais de ouro, além de várias empresas de metais, para realizar a atividade de “esquentamento” do minério (lavagem de ativos).
Segundo a PF, os envolvidos exploram a dificuldade de fiscalização ambiental na região de Japurá para cometer crimes contra o meio ambiente. Isso inclui a Estação Ecológica Juami-Japurá, que tem sido alvo de devastação, afetando o ecossistema amazônico.
Ao longo das investigações, foi possível apurar que que pessoas físicas e jurídicas interpostas eram usadas para realizar lavagem de ativos no mercado ilegal de ouro. Além disso, um investigado atua como operador financeiro dos crimes cometidos por uma liderança da organização.
Não foi encontrada autorização de lavra garimpeira ativa no local de extração de ouro, conforme verificado por meio de consultas à Agência Nacional de Mineração (ANM), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) e análise telemática dos envolvidos.
Além dos mandados, foi determinado o bloqueio de bens e valores das pessoas físicas e jurídicas investigadas, além do sequestro de bens móveis e imóveis que, eventualmente, estejam em sua posse. A ação é o resultado de atuações criminosas apuradas no período de 2020 a 2023 e que ainda persistem.
A operação mobiliza 20 policiais federais e 10 militares do Exército Brasileiro, que cumprem três mandados de prisão preventiva e oito ordens judiciais de busca e apreensão expedidas pela 7a Vara Federal Ambiental e Agrária da SJAM, nas cidades de Manaus/AM, Porto Velho/RO e Ponta Grossa/PR.