Reportagem da revista “Veja” publicada nesta quinta-feira (15/06/2023) revelou um documento com instruções para um golpe de Estado no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O material foi obtido em um relatório da Polícia Federal, que investiga o caso.
O documento teria sido criado no dia 25 de outubro de 2022, cinco dias antes do segundo turno das eleições presidenciais e é intitulado “Forças Armadas como poder moderador”. Nele, há uma série de ações para desconstituir as instituições democráticas colocando militares no poder.
Segundo o plano, seria nomeado um interventor para o país, além do afastamento e abertura de inquéritos contra ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outras autoridades, e a fixação de um prazo para novas eleições. O documento aponta que as medidas poderiam ser tomadas após autorização do presidente da República.
A minuta afirma, sem provas, que ministros do TSE teriam sido responsáveis por “atos com violação da prerrogativa de outros poderes”. Por isso, sem citar nomes, afirma que eles deveriam ser trocados pelos próximos da fila de substituição no Supremo Tribunal Federal (STF): Kassio Nunes Marques, André Mendonça – ambos indicados pelo próprio Bolsonaro – e Dias Toffoli.
Também foram encontradas conversas entre Cid e o coronel Jean Lawand Junior, então subchefe do Estado Maior do Exército, que incentivava a realização de um golpe de Estado, pedindo “pelo amor de Deus” para que o presidente fosse convencido a dar a ordem. Não há informações que Bolsonaro tenha recebido ou não o documento.
Cid está preso desde o dia 3 de maio por determinação de Moraes sob a acusação de fraudar o cartão de vacinação de Bolsonaro e de seus familiares. Durante as investigações sobre o caso, a Polícia Federal (PF) encontrou no celular dele uma minuta para decretação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). O documento, que ficou conhecido como “minuta do golpe”, também foi encontrado com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
Marcos do Val
Em outra notícia relacionada ao caso, a Polícia Federal cumpriu ainda nesta quinta três mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em endereços ligados ao senador Marcos do Val (Podemos-ES).
O senador é investigado por obstruir investigações sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. O senador também teve as redes sociais bloqueadas, por determinação da Justiça. Em fevereiro, o STF já havia determinado a abertura de investigação contra Do Val para apurar as declarações de que ele teria recebido uma proposta para participar de um golpe de Estado.
Na época, o senador declarou que participou de uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira, que tinha como objetivo induzir o ministro Alexandre de Moraes a “reconhecer” que ultrapassou as quatro linhas da Constituição com o ex-presidente da República. Depois disso, ele tentou desmentir as acusações.