Contexto

Pesquisa CNT: o que de fato significa o crescimento de Jair Bolsonaro

Foi divulgada nesta segunda-feira (21/02/2022) a 151ª Pesquisa de Opinião da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), realizada de 16 a 19 de fevereiro de 2021. No levantamento, há melhora nas intenções de voto do presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais deste ano. O indicador acendeu o sinal de alerta para a oposição sobre as reais chances do atual chefe do executivo no pleito deste ano. Mas o que essa pesquisa significa de verdade?

Os números

De acordo com a pesquisa estimulada, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) segue liderando a corrida presidencial com 32,8% das intenções de voto, seguido pelo atual presidente Jair Bolsonaro, com 24,4%. Completam a lista os candidatos Ciro Gomes (2,6%), Sérgio Moro (2,1%), André Janones (0,5%) e João Dória (0,3%). Brancos e nulos somam 7,9% e indecisos 28,3%.

Na pesquisa expontânea, a margem de liderança do petista é ainda maior: Lula lidera com 42,2%; Jair Bolsonaro tem 28,0%; Ciro Gomes: 6,7%; Sérgio Moro 6,4%; João Dória: 1,8%; André Janones: 1,5%; Simone Tebet: 0,6%; Felipe d’Avila (0,3%); Rodrigo Pacheco (0,3%); Branco/nulo: 6,2% e Indeciso: 6,0%.

O governo Bolsonaro segue com alto índice de reprovação, ficando com 42,7% de ruim ou péssimo. O percentual, no entanto, é 5,2 pontos menor do que o registrado em dezembro. Essa queda, somada com o aumento do número de intenções de voto levantou dúvidas sobre o tamanho da sua competitividade nas eleições de outubro. Vale, nesse caso, olhar com mais calma esses números e algumas outras informações.

Auxílio Brasil

A melhora na popularidade de Bolsonaro parece ter um motivo muito bem definido: o início do pagamento do Auxílio Brasil, programa criado para tentar alavancar a popularidade do presidente. Ao que parece, a medida começou a surtir efeito, tal qual o Auxílio Emergencial de 2020.

Em agosto de 2020, a aprovação de Bolsonaro subiu 5% depois do início do pagamento do benefício, segundo o Instituto Datafolha. Três dos cinco pontos porcentuais do crescimento vieram na ocasião de trabalhadores informais ou de desempregados com renda familiar mensal de até três salários mínimos, mesma faixa beneficiada pelo novo programa.

A própria pesquisa conclui que a percepção dos entrevistados é de que a situação econômica só vai melhorar de 2023 em diante, sendo que duas em cada três pessoas acreditam que a oferta de empregos no país está crescendo, mesmo que em ritmo lento, o que também explica a melhora do presidente. O problema é que a alta dos preços nos supermercados foi fortemente sentida pela população, ou seja, se a inflação e a alta dos combustíveis seguir como tendência nos próximos meses, o ganho do Auxílio Brasil derrete, tal qual a melhora de Bolsonaro.

O que vem a seguir

É preciso olhar dois números em especial pra entender o que de fato essa pesquisa representa. Primeiro: não foi apenas Jair Bolsonaro quem cresceu. O ex-presidente Lula também segue em escala ascendente nas pesquisas, passando de 27,8% em julho para 32,8% agora.

Segundo: na pesquisa estimulada, onde são apresentados os nomes dos candidatos, portanto mais próximo do cenário da eleição, o crescimento de Bolsonaro foi de 3%, sendo que o seu concorrente no campo da extrema-direita, o ex-juiz Sérgio Moro perdeu 2,5% no mesmo período.

Mais do que crescimento de Bolsonaro, essa pesquisa só reforça o que já estava claro há meses: não haverá terceira via. A maior prova disso é que o número de indecisos foi o indicador com maior queda no levantamento: são 10% desde julho de 2021. O que reforça essa tese é o fato de Bolsonaro só aparecer à frente de candidatos de direita no segundo turno, exatamente Sérgio Moro e João Dória.

A recuperação da popularidade do presidente parte necessariamente da recuperação, ainda que mínima, da economia e do poder de compra da população, o que ainda parece muito incerto. A própria agenda econômica para tentar conter a alta dos combustíveis é acidentada. E o prejuízo é grande. Bolsonaro é desaprovado por 61% do eleitorado, se mantendo estável desde julho de 2021.

Vale lembrar ainda outra coisa: tudo isso ainda é em cenário onde a eleição não entrou no imaginário do grande público. As alianças, as campanhas de marketing e a capacidade de persuasão dos candidatos são elementos que podem decidir.

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