O Partido Liberal (PL), legenda do presidente Jair Bolsonaro, publicou um documento nesta quarta-feira (28/09/2022) em que questiona a segurança das urnas eletrônicas brasileiras. A manobra foi vista pela opinião pública como uma manifestação golpista já preparando o não reconhecimento de uma eventual derrota para o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT). Em nota, o Tribunal Superior Eleitoral rechaçou com veemência o conteúdo da publicação.
“As conclusões do documento intitulado ‘Resultados da auditoria de conformidade do PL no TSE’”’ são falsas e mentirosas, sem nenhum amparo na realidade, reunindo informações fraudulentas e atentatórias ao Estado Democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral”, afirmou em nota o Tribunal Superior Eleitoral.
Ainda de acordo com a corte, diversos dos elementos fraudulentos constantes do referido “documento” são objetos de investigações, inclusive nos autos do Inquérito nº 4.781/DF, em tramitação no Supremo Tribunal Federal, relativamente a fake news. O TSE alertou ainda que esse tipo de insinuação já teve como consequência a cassação do diploma de parlamentar na hipótese de divulgação de “fatos notoriamente inverídicos sobre fraudes inexistentes nas urnas eletrônicas”.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, determinou ainda a imediata remessa do documento ao Inquérito das Fake News, para apuração de responsabilidade criminal de seus idealizadores (o documento não tem assinatura), bem como seu envio à Corregedoria-Geral Eleitoral para instauração de procedimento administrativo e apuração de responsabilidade do Partido Liberal e seus dirigentes, em eventual desvio de finalidade na utilização de recursos do Fundo Partidário.
Análise
Esse documento só mostra o quanto nem o próprio partido de Bolsonaro e nem seus apoiadores levam a sério essa ameaça golpista. Se, de fato, a cúpula da legenda tivesse mínima convicção do que está escrito ali, teria assinado o “relatório”, a começar pelo próprio presidente. Se deixaram apócrifo, é sinal de que temem punição da justiça, logo, se acovardaram. O intuito parece ser dar munição para a militância e deixá-la ainda mais violenta, forçando um clima de tensão para o dia 02 de outubro.