A nova variante do vírus SARS-COV-2 batizada como Ômicron já está presente em 77 países e a alastrar-se a um ritmo sem precedentes, sendo considerada a mais perigosa das versões do patógeno já encontradas até aqui. O alerta é da Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira (16/12/21). Enquanto diversos países enfrentam aumentos recordes de casos, a ciência começa a entender melhor as particularidades dessa variante.
Números sem precedentes
Numa avaliação de risco atualizada e divulgada nesta quarta-feira, o Centr Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirma que a Ômicron deverá suceder a Delta como a variante dominante na União Europeia (UE) no início de 2022. As informações da África do Sul, país onde ela foi encontrada pela primeira vez, já apontam para uma redução significativa redução da eficácia das vacinas contra essa variante.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson pediu à população para que evite a excessiva socialização antes do Natal. O país enfrenta nova onda de casos sem precedentes. Nessa quarta-feira (15/12/21), registrou 78,61 mil infecções, o maior número diário desde o início da pandemia. A França já retomou restrições para viajantes do Reino Unido.
Reforço é fundamental
O diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (EUA) Anthony Fauci afirmou que doses de reforço das vacinas contra a covid-19 atualmente disponíveis funcionam contra a variante Ômicron do novo coronavírus e parece não haver necessidade de reforços específicos. “Nossos regimes de reforço de vacina funcionam contra Ômicron. Nesse ponto, não há necessidade de um reforço específico para a variante”, afirmou em entrevista na Casa Branca.
A BioNTech e a Pfizer disseram, na semana passada, que três doses de sua vacina foram capazes de neutralizar a Ômicron em um teste de laboratório, mas duas doses resultaram em anticorpos neutralizantes significativamente mais baixos. A J&J ainda não divulgou nenhum dado próprio sobre o desempenho de sua vacina contra a nova cepa do coronavírus.
Replicação nas vias aéres superiores
Um estudo publicado nesta quinta pela Faculdade de Medicina Li Ka Shing da Universidade de Hong Kong mostra que a Ômicron parece ser capaz de infectar e se multiplicar 70 vezes mais rápido que a Delta nos nossos brônquios. Porém, nos pulmões , esses parâmetros parecem ser menores. “Isso pode ter implicações na transmissão e na gravidade da doença”, explica a biomédica e pesquisadora Mellanie Fontes-Dutra, em sua conta no Twitter.
A cientista, no entanto, alerta que ainda persiste a dúvida se a Ômicron realmente causa doenças mais leves e concorda com a urgência de completar o esquema vacinal assim que possível. “A gravidade em humanos não é determinada apenas pela replicação do vírus, mas também pela resposta imune do hospedeiro. Se estivermos mais protegidos, temos menos risco para doença severa. Como fazer isso? Vacinas”, pediu.