Contexto

Os desafios para tornar os acordos da COP26 realidade

Essa semana terminou a aguardada Cúpula do Clima (COP26), em Glasgow, na Escócia. Mais de quarenta países e 11 instituições financeiras se juntaram à maior aliança internacional já reunida e estabeleceram uma série de objetivos tendo em vista a urgências das mudanças climáticas no planeta.

No entanto, o maior desafio vai ser tirar esses objetivos da teoria e colocar em prática enquanto ainda há tempo de evitar uma catástrofe climática. Vale lembrar que o Brasil não foi representado pelo seu presidente, Jair Bolsonaro, tendo a participação de políticos, empresários e ativistas.

Financiamento

O grande desafio em fazer o discurso virar realidade é adaptar as economias de muitos países para o uso de matrizes de energia mais limpas e sustentáveis. E isso exige duas coisas: tempo e dinheiro, muito dinheiro. E também articulação política para retirar recursos de indústrias de combustíveis poluentes.

“No caso do setor de energia, é preciso dar escala ao uso de energias renováveis para substituir os combustíveis fósseis. É uma transformação complexa e que exige tecnologia, inovação e recursos financeiros. O financiamento ao setor de combustíveis deve ser retirado para impulsionar a mudança necessária”, explica Mercedes Bustamante é pesquisadora da UnB e membro da Coalizão Ciência e Sociedade.

Carvão

Uma das metas da cúpula era assinar acordos com objetivo de eliminar progressivamente o carvão das políticas energéticas. Ainda assim, alguns dos países mais dependentes do carvão como fonte energética, entre eles a China, Austrália e os Estados Unidos, não se comprometeram com essa aliança. O governo ucraniano compromete-se a limitar a produção de carvão até 2035. Outros países, como o Chile, Singapura, Azerbaijão, Eslovênia e Estônia pretendem chegar ao mesmo objetivo dentro de 15 anos.

“Com relação aos líderes globais, houve avanços nos compromissos de redução do uso de carvão, um dos principais causadores do aquecimento global, mas ainda é preciso garantir o compromisso da China de eliminar o carvão de sua matriz energética pois o país responde por metade do consumo mundial. No entanto, é bem-vindo o compromisso da China e de outros países de não financiar mais projetos internacionais que envolvam o carvão como fonte energética”, afirma Mercedes.

Balanço geral

Outro componente fundamental nesse debate é o compromisso em torno da redução das emissões de metano, um poderoso gás que aumenta o efeito estufa. Se isso acontecer, o cumprimento da meta do Acordo de Paris passa a ser mais plausível.

“No caso do Brasil, foi uma boa sinalização assinar os acordos de eliminação do desmatamento e também o de redução das emissões de metano (no caso brasileiro, oriundas principalmente da pecuária). Mas, agora, precisamos ver ações concretas e rápidas para cumprir com os acordos e reverter as políticas de desmonte da proteção ambiental no Brasil”, alerta a cientista.

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