Amazônia

ONG’s rebatem prefeito de Manaus e afirmam que BR-319 não é entrave para oxigênio

O grupo Observatório BR-319, grupo de Organizações Não-Governamentais (ONG’s) que trabalham com preservação ambiental rebateram nesta sexta-feira (22/01) as afirmações do prefeito de Manaus, David Almeida, de que os problemas de abstecimento de oxigênio na cidade se devem à falta de licenciamento para pavimentação da BR-319 – estrada que liga Manaus a Porto Velho.

Em nota, o Observatório BR-319 afirma que “responsabilizar a trafegabilidade limitada atual da rodovia BR-319 pela falta de oxigênio para atendimento dos pacientes internados em Manaus (e no estado) é uma forma de isentar o poder público pela calamidade que assola a região, já que há quase um ano deveria estar enfrentando a pandemia de forma planejada e estratégica; além de – também sorrateiramente – desviar a atenção de todo o real processo histórico que levou a esta situação”.

Segundo as organizações, a BR-319 é uma das obras mais controversas da Amazônia. A alegação de que a estrada é fundamental para garantir o desenvolvimento é questionada perante o prejuízo socioambiental com o desmatamento e perda da biodiversidade que ela gera. Seu projeto deriva de um modelo de desenvolvimento ultrapassado, que atropela a legislação, os protocolos e salvaguardas socioambientais que garantem o posicionamento e a governança das populações que vivem em seu entorno.

O Observatório BR-319 ressaltou ainda que “aproximadamente 69 Terras Indígenas e 44 unidades de conservação serão impactadas. Por isso faz-se necessário uma ampla participação dos povos indígenas e comunidades tradicionais, além de governança adequada que controle o tráfego e demais ilegalidades como roubo de madeira, invasões e grilagem”.

Inaugurada em 1976 e abandonada em 1988 devido à falta de manutenção e pavimentação total, a rodovia ainda não foi reconstruída pela ausência de licenças ambientais que carecem de estudo de impacto ambiental e social. Por décadas, a repavimentação da BR-319 tem sido usada em estratégias políticas para captação de votos.

Desde sua criação, já foram investidos mais de U$ 150 milhões em reformas e estudos. Atualmente, ela é prioridade para o Governo Federal, que mantém uma política predatória para o meio ambiente, indígenas, ribeirinhos e quilombolas da região.

Foto: Observatório 319

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