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O orçamento secreto de Bolsonaro

De acordo com reportagem do Estado de São Paulo, o presidente montou orçamento secreto de R$ 3 bilhões em emendas para aumentar sua base de apoio no Congresso. Deputado federal do Amazonas teria se beneficiado

De acordo com reportagem do jornalista Breno Pires, do Estado de São Paulo, publicada neste domingo (09/05), o presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) montou, no final de 2020, um orçamento secreto e paralelo no valor de R$ 3 bilhões em emendas para aumentar sua base de apoio no Congresso. De acordo com a apuração, o dinheiro era destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas com sobrepreço de até 259%. O esquema ganhou os apelidos nas redes sociais de Bolsolão ou Tratoraço.

Ao todo, foram 101 ofícios encaminhados, por deputados e senadores, ao Ministério do Desenvolvimento Regional para apontar o destino do dinheiro. O esquema serviria para burlar o controle do Tribunal de Contas da União (TCU) além das leis orçamentárias, uma vez que é atribuição dos ministros definir onde e como aplicar os recursos.

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), por exemplo, determinou a aplicação de R$ 277 milhões de verbas públicas só do Ministério do Desenvolvimento Regional. Alcolumbre era o presidente do Senado nos dois primeiros anos do governo e considerado um aliado do presidente. É atribuído a ele a blindagem ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), alvo de diversas denúncias de corrupção pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Deputado do Amazonas envolvido

De acordo com a matéria, o deputado federal Bosco Saraiva (Solidariedade) teria direcionado, juntamente com o colega de partido Ottaci Nascimento (RR), R$ 4 milhões para a cidade de Padre Bernardo, em Goiás. Caso a tabela do governo fosse considerada, a compra sairia por R$ 2,8 milhões. Procurada pelo Vocativo, a assessoria do deputado não se manifestou até o fechamento da matéria.

O que poderia ser feito com esse dinheiro?

Com R$ 3 bilhões seria possível, por exemplo, comprar 58 milhões de doses da vacina da Pfizer em 2020, que o governo federal recusou na época por considerar o preço elevado. Seria possível ainda fincanciar 15 vezes a vacina contra Covid-19 “100% brasileira” anunciada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Foto: Alan Santos / PR

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