É dramático ver a cena de um ídolo como Gianluigi Buffon chorando a vexatória eliminação de seu país de um mundial. Mas, se esse fiasco da Itália é algo triste para o futebol, ele serve de lição. Não é de hoje que a Azzurra flertava com esse tipo de vexame. Os sintomas já eram antigos. E nós, brasileiros, também continuamos. Tite apenas nos fez esquecer os problemas. Por enquanto.
Duas eliminações na primeira fase das Copas de 2010 e 2014. A decadência do seu campeonato local, tendo apenas a Juventus como grande potência. A . Último título de Champions League conquistado há 10 anos. A escassez de talentos na base. Tudo isso demonstra há tempos que o país precisa reformular sua maneira de ver o esporte, tal como fez a Alemanha no final dos anos 1990.
A eliminação da Azurra da Copa da Rússia é algo a ser guardado pelo futebol brasileiro. A ótima campanha de Tite à frente da seleção mascara um fato incontestável: após o 7×1 da Copa de 2014, a única coisa que mudou foi exatamente o comando da equipe principal. Os clubes continuam desorganizados, revelando poucos jogadores. Entre os treinadores, os mesmos vícios de sempre. No campo administrativo é melhor nem comentar.
A Itália caiu no erro de achar que apenas uma camisa tradicional basta para vencer em um esporte altamente competitivo como o futebol atual. Isso até pode acontecer, mas costuma ser ilusório. Aliás, isso é mais um ponto comum entre brasileiros e italianos.
O tetra italiano em 2006, conquistado com uma equipe mediana deu a ilusão de que tudo ia bem, da mesma forma como o penta brasileiro em 2002, conquistado por uma equipe montada em cima da hora e que não enfrentou grandes adversários.
Todos querem que Tite tenha êxito na Rússia. Mas vencendo ou não, ele não é fruto de uma reformulação no futebol brasileiro. Ele é um ótimo técnico que se esforçou para estar preparado para o cargo que tanto queria. Apenas isso. Sem ele, o que teria sido do Brasil nas eliminatórias? O que será do Brasil após sua saída?
É bom ficar atento. Sem Tite, talvez fossemos nós quem estivessem chorando agora a desclassificação. E ele não será eterno. Tradição não segura mais ninguém no futebol. Que o diga a tetracampeã e tradicionalíssima Itália, que vai ver a próxima Copa pela TV.