Amazônia Covid-19

No ritmo atual, Amazonas levará 1 ano e 3 meses para imunizar sua população

Em 41 dias de campanha, apenas 44.993 pessoas receberam duas doses de vacinas, ou seja, apenas esse grupo pode se considerar "imunizado"

As autoridades públicas do Amazonas gostam de propagar que o estado é atualmente um dos que mais aplica vacinas contra a Covid-19. No entanto, se o ritmo se mantiver como o atual, levará 1 ano e 3 meses para que a população do estado esteja imunizada contra o novo coronavírus.

Para entender esse tempo, é preciso analisar o ritmo atual da campanha de vacinação no estado, que começou no dia 18 de janeiro deste ano. As duas únicas vacinas em uso no Brasil – e consequentemente no Amazonas – até o momento são a Covishield (produzida pela Fiocruz) e a CoronaVac (produzida pelo Instituto Butantan) só garantem proteção semanas após a segunda dose. A CoronaVac, ela precisa ser aplicada, no máximo, 28 dias depois da primeira dose e a Covishield possui um intervalo maior de tempo, podendo chegar a 3 meses.

Isso significa que o grupo vacinado só pode se considerar protegido, de fato, à partir do dia 15 de fevereiro, quando completaram os 28 dias do incício da primeira dose da CoronaVac e, em tese, eles deveriam ter recebido a segunda. De acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas até este domingo (28/02), em 14 dias, apenas 44.993 pessoas receberam duas doses de vacinas, ou seja, apenas esse grupo pode se considerar “imunizado”. Isso em tese, uma vez que o vacinômetro não especifica quem recebeu a CoronaVac e quem recebeu a Covishield (e pode esperar mais dois meses).

Isso significa que nesse espaço de tempo, o governo imunizou 3.200 pessoas por dia, o que representa apenas 1% da população estimada em todo Amazonas segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítica (IBGE), que é de de 4.207.714 pessoas. Assim, seriam necessários 1 ano e 3 meses para vacinar todos os habitantes do estado. Com um detalhe: ainda não se sabe se há perda de eficácia das vacinas contra as novas variantes do novo coronavírus e por quanto tempo dura a proteção delas.

Risco

O grande risco com essa demora é comprometer a eficácia das próprias vacinas. Estudo da Fiocruz sobre a variante P.1, por exemplo, mostra que a circulação descontrolada do vírus favorece a evolução dele e a seleção de novas versões capazes de escapar das defesas de quem já teve a Covid-19. “Essa demora favorece o surgimento de variantes com mutações de escape”, alerta Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e coordenadora da Rede Análise Covid.

Faltam doses de vacinas

É importante ressaltar que parte dessa lentidão também se deve a outros fatores. Tanto estado quanto prefeitura de Manaus tem encontrado dificuldade, por exemplo, em vacinar profissionais de saúde, além de idosos do grupo de risco. Isso sem contar, claro, a falta de vacinas.

“Este atraso é bem mais pela falta de novas doses para vacinar outros grupos do que pela falta de estrutura da secretaria municipal de saúde de Manaus, por exemplo, que tem condições de vacinar mais de 5 mil pessoas por dia”, afirma Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz.

Foto: Alex Pazuello/Semcom

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