Cotidiano

Negros com demência no Brasil têm risco quase duas vezes maior de morrer

Por Alexandre Raith, da Agência EinsteinA mortalidade de pacientes negros com demência no Brasil registrou um aumento de 65% entre os anos de 2019 e 2020. Entre os pardos, o crescimento foi de 43%. Em comparação, no mesmo período — que compreende parte da pandemia de covid-19 —, os pacientes brancos apresentaram uma redução de 9%.

O recorte étnico-racial deriva de um estudo realizado por pesquisadores das universidades federais de Pelotas (UFPel) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), em parceria com a Universidade de Queensland, na Austrália.

Publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, o estudo comparou os dados de internações de pacientes com demência do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) em todo território brasileiro. Foram analisados o total de hospitalizações, o valor médio reembolsado por admissão hospitalar e a taxa de mortalidade dos pacientes internados. 

Os resultados reforçam, segundo os pesquisadores, a disparidade no acesso da população negra ao SUS e a necessidade de ações para aumentar o direito à saúde, especialmente durante a pandemia. 

“Caso contrário, não apenas o transtorno da demência poderá ser aumentado após — e durante — a pandemia de covid-19, mas também a disparidade étnico-racial deste transtorno”, destacam os autores no artigo publicado. 

Disparidades regionais

A pesquisa também observou os dados divididos por regiões do país. O maior destaque fica para as taxas de mortalidade da região Nordeste, que tiveram um aumento de 134,1%. Outro crescimento foi registrado no Sudeste, com 19,7%. Os pesquisadores não tiveram acesso aos dados da região Norte.   As demais regiões apresentaram reduções. No Centro-Oeste, a mortalidade foi 9,5% menor e no Sul, 4,1%.

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