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Mundo tem 100 milhões de vacinados contra a Covid-19, mas 65% deles em países ricos

O diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) no Continente Europeu, Hans Kluge, disse hoje (5) que a região deve acelerar a vacinação contra a Covid-19, admitindo estar “preocupado” com o impacto das novas variantes do vírus na eficácia das vacinas. Outro problema é que, até aqui, 65% das vacinas foram aplicadas em países ricos.

“Temos de unir forças para acelerar a vacinação”, disse Kluge em entrevista à agência de notícias France Presse. Ao lembrar que a campanha de imunização na União Europeia (UE) teve um início difícil, num cenário de escassez de vacinas e tensões entre Bruxelas e alguns fabricantes, o diretor da OMS apelou às farmacêuticas para trabalharem nesse sentido.

“As empresas farmacêuticas, habitualmente concorrentes, têm de trabalhar em conjunto para aumentar drasticamente a capacidade de produção, é disso que precisamos”, afirmou. Na UE, a proporção da população que recebeu a primeira dose está em torno de apenas 2,5%.

Questionado se as vacinas que estão no mercado desde dezembro permanecerão eficazes contra as novas variantes detectadas no Reino Unido, Brasil e África do Sul, Kluge disse que “essa é a grande questão”, e reconheceu que está “preocupado”, prevendo novas mutações.

“É um aviso cruel de que o vírus ainda leva vantagem em relação aos humanos, mas não é um vírus novo, é a evolução de um vírus que está tentando se adptar ao hospedeiro humano”, disse.

Dos 53 países da região europeia da OMS (incluindo vários países da Ásia Central), 37 registaram casos relacionados com a nova estirpe detectada em dezembro no Reino Unido e 17 casos da estirpe da África do Sul, de acordo com os dados mais recentes.

Apesar disso, Hans Kluge permanece otimista. “Penso que o túnel é um pouco mais longo do que pensávamos em dezembro, mas ainda deverá ser um ano mais fácil que o ano passado”.

Concentração em países ricos

O marco de 100 milhões de doses de vacinas administradas em todo o mundo foi ultrapassado na terça-feira ((2), com 65% administradas nos países ricos.

“Sabemos que na UE, no Canadá, Reino Unido e nos EUA foram feitas encomendas de quatro a nove vezes as doses necessárias. Portanto, não precisamos atingir 70% [de pessoas vacinadas] para partilhar com os Balcãs, a Ásia Central ou África”, afirmou, reiterando os apelos da OMS para que a UE compartilhe vacinas com os países mais pobres.

“Talvez quando os países da UE atingirem 20% da vacinação – e 20% inclui as pessoas idosas, o pessoal de saúde e as pessoas com comorbidades – seja a altura de partilhar as vacinas”, acrescentou.

A preocupação de especialistas é que a livre circulação do novo coronavírus é justamente o que propicia o surgimento de variantes mais perigosas, mais transmissíveis e potencialmente capazes de escapar tanto da imunidade de outras infecções quanto das vacinas.

Ou seja, partilhar as vacinas não é apenas uma questão de ética humanitária, mas de estratégia de proteção e de manutenção da eficiência das vacinas já existentes. Em diversas oportunidades, tanto o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, quando o diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da entidade, repetiram a frase: “Ninguém está seguro até todos estarem seguros”.

Com informações da Agência Brasil. Foto: Fotos Públicas

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