Amazônia

Manaus ganha destaque em relatório final da CPI da Pandemia

A primeira versão do relatório final da CPI da Pandemia no Senado, que investiga a atuação do governo Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19, cita Manaus em 53 oportunidades. A capital do Amazonas, que passou por duas ondas devastadoras da doença em abril de 2020 e janeiro de 2021, é citada como palco de experimentos criminosos para a promoção da chamada “imunidade de rebanho” e distribuição de medicamentos ineficazes.

O documento lembra o dia 08 de janeiro deste ano, quando a empresa White Martins comunicou, formalmente, ao Ministério da Saúde a situação crítica do estoque de oxigênio em Manaus. Entre 11 e 13 daquele mês, o então ministro Eduardo Pazuello permaneceu em Manaus com a equipe técnica, mas sua única ação efetiva foi o envio de 120 mil unidades de Hidroxicloroquina e 250 mil unidades de Oseltamivir para a capital.

O sistema entrou em colapso nos dias 14 e 15, quando pelo menos 31 pessoas morreram por asfixia mecânica em hospitais da cidade. Não foram divulgados, até o momento, o número de mortes residenciais, tampouco o número nos demais dias da crise instalada no município. No mesmo dia 15, segundo declaração do Ministro Pazuello em oitiva à CPI, durante reunião Ministerial com a presença do Presidente Bolsonaro, foi decidido que o Governo Federal não iria interferir diretamente no colapso vivido na cidade.

No documento, os senadores afirmam ainda que a reiterada política governamental de deliberadamente forçar a prescrição e o consumo de drogas medicamentosas sem qualquer eficácia para a prevenção ou tratamento da Covid-19 teve especial repercussão no desastre causado em Manaus e junto às populações indígenas.

Ainda segundo os membros da comissão, diversos posicionamentos do governo federal, ao longo da pandemia, reforçaram a estratégia da chamada “imunidade de rebanho”, quando entre 60% a 70% da população precisaria ser imunizada, neste caso, não pela vacina, mas por contágio, o que causou elevado número de mortes evitáveis.

O relatório lembra ainda a criação do aplicativo TrateCov, lançado em Manaus no dia 04 de janeiro pela secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro e que recomendava cloroquina como tratamento a pacientes, mesmo não havendo eficácia contra a doença.

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