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Guerra na Ucrânia: Chernobyl, censura na imprensa russa e a batalha pro Kiev

A Guerra na Ucrânia segue. A primeira semana de conflito foi marcada também por uma série de batalhas de narrativa nas redes sociais e na imprensa mundial. Enquanto o presidente Russo Vladmir Putin faz graves acusações contra o governo ucraniano por um lado, ao mesmo tempo em que afirma estar disposto a negociar. Na Ucrânia, o Volodymyr Zelensky afirma estar disposto a negociar a paz.

Acusações

O presidente russo Vladimir Putin deu declarações nesta sexta-feira (25/02/2022) em que afirmou ter informações confirmadas de que “há armas pesadas e sistemas fortes em cidades grandes, como em Kiev, que planejam atuar em oposição às forças russas, agindo como agem os terroristas em todas as partes do mundo, para depois culpar a Rússia pela mortes de civis”, afirmou. Putin disse que o confronto acontece principalmente por conta da atuação dos americanos. Ele afirma também que o governo da Ucrânia é neonazista e comete genocídio contra a própria população.

Antonio Barbosa, professor de História da Universidade de Brasília, afirma que há dois aspectos a serem considerados nessa questão. O primeiro deles é que, independentemente de qual seja o governo de um país, nenhum outro está autorizado, pelo Direito Internacional e pelas normas mais elementares de civilização, a invadi-lo. “O que Putin fez foi uma agressão e ela é rechaçada pelo pensamento democrático da maioria da população mundial”.

O segundo aspecto é que, independentemente de quem esteja no governo da Ucrânia, trata-se de um governo eleito. “Na verdade, ele [Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano] substitui um governo que era francamente aliado de Putin e, na verdade, procura reafirmar a soberania, a independência do seu país. Que é um governo dominado por direitistas radicais não há dúvida alguma, mas isso não dá a ninguém o direito de invadir o país, sobretudo porque essa agressão significa a morte de milhares de civis que nada têm com isso”.

Putin disse ainda que gostaria de se dirigir às forças ucranianas “para que atuem por vocês mesmos, que é melhor do que atuar com essas pessoas que fizeram a Ucrânia refém”. O presidente russo sugeriu, portanto, que o exército ucraniano tome o poder e deponha o presidente eleito, Volodymyr Zelensky.

Otan

Maria Zakharova, porta voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, criticou hoje a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por não ter cumprido com o compromisso de não expandir em direção ao Leste europeu.

“Há uma amnésia imensa coletiva. Em negociações na década de 1990 há registros na imprensa de que não havia intenções de a Otan aumentar para o leste, para além do Rio Elba, que não entrariam outros membros. Desde então aceitou 14 estados. Quando dizem que nós mentimos, eles é que mentem. Quando falam que não fazem promessas, sim, estão avançando no sentido oriental, no sentido leste. Vimos documentos, com reuniões, briefings. Membros da Otan se contradizem, tentam se esconder e achar justificativas”, afirmou a porta-voz russa.

Uma das principais causas do conflito entre Rússia e Ucrânia seria justamente uma possível entrada da Ucrânia na aliança militar. Outra razão seria a vontade russa de desmilitarizar o país vizinho e depor o atual presidente, colocando em seu lugar um líder pró-Moscou.

Provocação

Antonio Barbosa afirma que em uma guerra, e nessa em particular, nenhum dos lados é inocente e que os Estados Unidos e a Otan erraram de forma violenta ao estender a sua atuação por todo o leste europeu, chegando às fronteiras da Rússia. “Isso é uma provocação e fatalmente receberia uma resposta à altura. Agora, independentemente disso, a invasão da Ucrânia pelas tropas russas é um ato de agressão politicamente inaceitável e moralmente incompreensível”.

Crise de refugiados

Combustível, dinheiro e suprimentos médicos estão acabando em partes da Ucrânia após a invasão da Rússia, o que pode levar até 5 milhões de pessoas a fugirem para o exterior, disseram agências de ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU). Pelo menos 100 mil pessoas estão desabrigadas na Ucrânia, depois de fugir de suas casas, desde que a Rússia lançou o ataque. Milhares já cruzaram para países vizinhos, incluindo Moldávia, Romênia e Polônia.

Campo de batalha: Kiev

O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoly Tkach, confirmou em Brasília, o abatimento de 7 aviões, 6 helicópteros, mais de 30 tanques, 130 veículos blindados e aproximadamente 800 soldados russos. Mísseis atingiram a capital ucraniana Kiev nesta sexta, enquanto forças russas avançam. As sirenes de ataque aéreo soaram na cidade de 3 milhões de pessoas, algumas delas abrigadas em estações de metrô, um dia depois que o presidente russo, Vladimir Putin, iniciou a invasão que chocou o mundo.

Autoridades ucranianas disseram que uma aeronave russa havia sido abatida e se chocado com edifício em Kiev durante a noite, incendiando-o e ferindo oito pessoas. As tropas da Rússia avançam rapidamente no território ucraniano. A expectativa é que a capital seja tomada neste final de semana.

ONU

A Rússia vetou nesta sexta a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) contrária à invasão da Ucrânia. Com o veto, a resolução foi rejeitada, em um resultado já esperado. Foram 11 votos favoráveis, um voto contrário e três abstenções.

Para ser aprovada, uma Resolução não pode ser vetada por nenhum dos cinco membros permanentes do conselho. A Rússia, pivô da crise, é um desses países, exercendo seu poder de veto, como já se esperava. A China, um dos poucos países a não se posicionar contra as ações de Putin, foi um dos três países que se abstiveram. Os outros foram Índia e Emirados Árabes Unidos.

Representantes de alguns países falaram antes da votação. O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, fez uma fala firme contra a invasão da Ucrânia, posicionando o país de maneira condenatória à agressão sofrida pelos ucranianos em seu próprio território. Na votação, foi a favor da Resolução. O presidente do país, Jair Bolsonaro, segue em silêncio.

Ameaça à Finlândia

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia usou o Twitter para ameaçar a Finlândia, com quem faz fronteira mais ao norte. Pela rede social, lembrou o país vizinho de seu compromisso de não alinhamento militar e fez ameaças caso decida integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). “Consideramos o compromisso do governo finlandês com uma política de não alinhamento militar como um fator importante para garantir a segurança e a estabilidade no norte da Europa. A adesão da Finlândia à OTAN teria sérias repercussões militares e políticas”.

Censusa à imprensa

O regulador russo dos meios de comunicação social determinou aos veículos de imprensa do país que suprimam de todos os conteúdos as palavras “invasão”, “ofensiva” ou “declaração de guerra” da Rússia à Ucrânia. A imprensa russa está também proibida de fazer referências a civis mortos pelo Exército enviado pelo regime de Moscou para a Ucrânia.

“Destacamos que só as fontes oficiais russas dispõem de informações atuais e fiáveis”, disse o regulador Roskomnadzor em comunicado, enquanto Moscou apela para que a sua intervenção na Ucrânia seja descrita como “operação militar especial” destinada à “manutenção da paz”.

Negociações

O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, aceitou a proposta do presidente russo, Vladimir Putin, e está pronto para negociar a paz e um cessar-fogo, afirma a agência estatal de notícias russa, a Tass. “A Ucrânia sempre esteve e está pronta para negociar a paz e um cessar-fogo. É nossa posição permanente. Aceitamos a proposta do presidente russo”, escreveu ele em sua conta no Facebook.

Segundo Nikoforov, estão em andamento consultas sobre o local e a hora das negociações. Quanto mais cedo as negociações começarem, mais chances haverá de restaurar a vida normal, observou ele. O secretário de imprensa da presidência da Rússia, Dmitry Peskov, disse anteriormente que Putin estava pronto para enviar uma delegação a Minsk para conversas com a Ucrânia. Mais tarde, ele disse que, em resposta à iniciativa de manter conversas na capital bielorrussa, o lado ucraniano sugeriu Varsóvia como um possível local e ainda mais tarde perdeu contato.

Chernobyl

A usina nuclear de Chernobyl foi capturada por forças russas, disse Mykhailo Podolyak, conselheiro do gabinete presidencial ucraniano, nesta quinta-feira (24/02/2022). Apesar disso, a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) informou nesta sexta-feira que as autoridades ucranianas relatam que os reatores de energia nuclear seguem operando de forma segura. O diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, reforçou seu pedido de cautela para evitar qualquer ação que possa colocar as instalações nucleares do país em risco.

Confisco

O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, especulou que a Rússia pode nacionalizar a propriedade de pessoas registradas nos EUA, na UE e em outras jurisdições hostis em meio a novas sanções anti-russas. Ele observou que a Rússia está sendo ameaçada com prisões de ativos de cidadãos e empresas russas no exterior – “simplesmente assim, sem sanções”, “de forma de tapete”, “por despeito”. Segundo o político, “isso deve ser respondido de maneira bastante simétrica”.

Com informações da ONU News e Agência Brasil

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