O governador do Amazonas, Wilson Lima, recebeu, nesta quarta-feira (08/06/2022), o presidente da empresa Potássio do Brasil, Adriano Espeschit, na sede de Governo, na zona oeste de Manaus. A empresa está sendo acusada na justiça de forçar indígenas a venderem suas propriedades na região do município de Autazes (a 113 quilômetros de Manaus).
O governador afirmou que irá mobilizar a equipe técnica do Governo do Estado para, juntamente com os órgãos competentes e a Potássio do Brasil, contribuir para a viabilizar a mineração de potássio em Autazes. Adriano Espeschit destacou, ainda, que o local de atuação da empresa está 100% fora das terras indígenas.
Mas essa versão contradiz com os fatos. Em 2013, a Potássio do Brasil, subsidiária do banco comercial canadense Forbes & Manhattan, começou a perfurar poços para exploração de potássio em Autazes (AM) – um empreendimento altamente lucrativo que permitiria o transporte do minério pelos rios Amazonas e Madeira. Cerca de 95% do potássio produzido no mundo é utilizado como fertilizante agrícola.
Descobriu-se, porém, que a mineradora estava perfurando dentro da Terra Indígena Jauary, habitada pelo povo Mura, e em áreas adjacentes a outras reservas indígenas. As comunidades locais alegam que as terras exploradas, mesmo que não demarcadas, são vitais para a caça e outros meios de subsistência. Ao mesmo tempo, há risco de contaminação dos resíduos da mineração nas águas subterrâneas da região.
O relatório Cumplicidade na Destruição IV – Como mineradoras e investidores internacionais contribuem para a violação dos direitos indígenas e ameaçam o futuro da Amazônia divulgado em fevereiro, mostrou que a Potássio do Brasil está entre as nove mineradoras que possuíam em novembro de 2021 um total 225 requerimentos minerários ativos com sobreposição em 34 Terras Indígenas – uma área que corresponde a 5,7 mil quilômetros quadrados – ou mais de três vezes a cidade de Brasília ou de Londres.