Segundo reportagem do jornalista Vinicius Sassine, na edição desta segunda-feira (06/12/21) da Folha de S.Paulo, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e um dos principais conselheiros de Jair Bolsonaro (PL), deu aval a sete projetos de garimpo de ouro em áreas intocadas da Amazônia, mais precisamente em São Gabriel da Cachoeira, a 852 km de Manaus.
A região de São Gabriel da Cachoeira está na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela e é conhecida como Cabeça do Cachorro, uma das áreas mais preservadas da Amazônia. Ela também abriga 23 etnias indígenas. De acordo com o jornalista, que fez o levantamento, 6 dos 7 empreendimentos ocorrem em “terrenos da União”.
Os projetos foram encaminados ao Conselho de Defesa Nacional pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Segundo a reportagem, estas teriam sido as primeiras autorizações para garimpo especificamente nesta região. Heleno concedeu 81 autorizações de mineração na Amazônia desde 2019, entre permissões de pesquisa e de lavra de minérios.
A maior quantidade dessas permissões aconteceu em 2021: 45, conforme atos publicados até o último dia 2, sendo essa a maior quantidade num ano desde 2013. O aval de Heleno autoriza o garimpo em uma área de 587 mil hectares, quase quatro vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Apenas os sete projetos na região de São Gabriel da Cachoeira englobam 12,7 mil hectares.
O garimpo é um problema histórico da região Amazônica, mas no governo Bolsonaro tem ganho proporções ainda mais dramáticas. Entre 1985 e 2020 a área minerada no Brasil cresceu seis vezes, segundo a mais recente análise temporal do território brasileiro feita pelo MapBiomas. O dado, que resulta da análise de imagens de satélite com o auxílio de inteligência artificial, expressa o salto de 31 mil hectares em 1985 para um total de 206 mil hectares no ano passado. Boa parte desse crescimento se deu mediante a expansão na floresta amazônica.
Só na bacia do rio Madeira, o salto foi de 3753 hectares em 2007 para 9660 hectares em 2020, uma expansão de 5907 hectares. O número representa aumento de nada menos que 157% no período e coincide com a invasão da comunidade de Rosarinho, nos arredores de Autazes, no interior do Amazonas.