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Funai alertou em 2021 sobre ameaça de morte a servidores

Meses antes dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips, documento já alertava sobre o risco (inclusive de morte) das atividades desempenhadas pelos servidores da FUNAI

Uma nota técnica da Fundação Nacional do Índio (Funai) de outubro de 2021 apontou diversos impactos na atuação do órgão por falta de pessoal. A fundação alerta que, com a Covid-19, “aumentou sobremaneira o trabalho do órgão indigenista, sem que contudo houvesse um incremento na força de trabalho para as ações de campo”. As informações foram divulgadas neste sábado (02/07/2022) pela Fiquem Sabendo, agência de dados especializada no acesso a informações públicas.

O documento reforça que as atividades desempenhadas pelos servidores da FUNAI são de alto risco e lembra de episódios de assassinatos nos últimos anos: “observa-se que muitas atividades desempenhadas pela FUNAI se dão em áreas remotas, isoladas, em cidades com infraestrutura deficitária, como nas fronteiras, além de possuírem alto grau de periculosidade no tocante à exposição dos profissionais a uma rede de interesses em exploração ilegal do território indígena, acabando por sofrerem ameaças de morte, estendidas às famílias, e até mesmo, assassinatos consumados”.

Dois outros documentos, mais recentes, tratam especificamente do Vale do Javari, onde foram assassinados o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira. O mais recente é do último sábado, 18, com um pedido de providência feito pelos servidores ao presidente da Funai para garantir a segurança desses funcionários na região.

Os servidores disseram que existe a previsão de retirada dos agentes de segurança que agora estão no local, com o encerramento do processo investigativo do caso, “processo que já se iniciou no final desta semana”. Eles afirmam que as unidades da Fundação na região são “marcadas por um déficit expressivo de estrutura e recursos humanos”, que os servidores moram em cidades “relativamente pequenas da região, o que faz com que haja uma relação de vizinhança imediata entre servidores e invasores”.

Também chamou a atenção um despacho de uma coordenadora regional substituta da Coordenação Regional do Vale do Javari, de 13 de maio (portanto anterior aos assassinatos), em que se solicita contratação de serviços continuados de vigilância patrimonial ostensiva, com o objetivo de “inibir as ameaças sofridas pelos servidores durante o exercício de suas funções durante horário de expediente” na sede de uma unidade do órgão, na cidade de Eirunepé, no interior do Amazonas.

Acesse aqui a íntegra do documento

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