Amazônia

Fiocruz: Amazonas segue com uma das piores coberturas vacinais contra a Covid-19

A campanha de vacinação contra a Covid-19 vem sendo marcada por desigualdades sociais no processo que atingem o território brasileiro, aponta um levantamento feito por pesquisadores do painel MonitoraCovid-19, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).

Um dos estados que mais apresenta problemas é justamente o Amazonas, que está entre os estados que não apresentaram nenhum município com mais de 80% da população com esquema vacinal completo contra a doença. Os dados estão publicados na Nota Técnica 23 do MonitoraCovid-19, divulgada essa semana. 

Situação complexa e preocupante

Ainda que o Brasil apresente situação epidemiológica similar a de outros países, quando são observados os dados nacionais, a realidade é mais complexa e heterogênea. Enquanto no Sul do país, 57,5% dos municípios apresentavam mais de 80% da população com imunizaçãode primeira dose, seguido do Sudeste 49,4%, no Centro-Oeste 41,6%, no Nordeste 26,4%, na região Norte apenas 6,2% dos municípios estão nessa situação. Cerca de 93% dos municípios do Tocantins, Roraima, Pará, Amazonas, Maranhão, Acre e Amapá apresentam coberturas vacinais inferiores a 80%.

Com relação à segunda dose, a situação é ainda pior. No Sul do país, apenas 30% dos municípios apresentam mais de 80% da população com esquema de vacinação completo, na região Sudeste este percentual é de 27,2%, no Centro-Oeste 11,8%, no Nordeste 2,7% e na região Norte, apenas 1,1% dos municípios apresentavam esquema vacinal completo. Os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Roraima e Sergipe não apresentaram nenhum município com mais de 80% da população totalmente imunizada, considerando a data dos dados utilizados nesta nota.

IDH

Dentre os fatores sociais avaliados estão o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), além de aspectos ligados à renda e localização geográfica. Nos municípios com menor IDH, são mais baixas as taxas de vacinação. Segunda a nota, o IDH ajuda a qualificar a desigualdade da vacinação no país. Locais com baixo índice de desenvolvimento têm taxas de cobertura mais baixas, informa o estudo.

O estudo observou o comportamento da pandemia nos últimos dois anos, além de indicadores sociais e aqueles relativos ao avanço da aplicação das vacinas contra a Covid-19 durante o ano de 2021. Na comparação entre os municípios considerando o tipo da dose (primeira, esquema completo e reforço), o IDH e o tamanho da população residente nestas cidades, foi observado que há uma queda de quase 20% na cobertura da primeira dose, de acordo com o nível de desenvolvimento dos municípios.

Considerando o aspecto geográfico, a nota aponta que algumas regiões têm uma parte expressiva de seu território abaixo dos índices ideais de vacinação. “Enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentam elevado percentual da população imunizada, áreas da região Norte, Nordeste e Centro-Oeste ainda apresentam bolsões com baixa imunização para Covid-19. Se considerarmos como um cenário de segurança, a vacinação com esquema completo acima de 80%, temos no Brasil apenas 16% dos municípios nessa situação”, aponta o documento.

Fronteira

De acordo com a Fiocruz, essas falhas no processo de vacinação são preocupantes também em áreas de fronteira. “Nesse sentido, a exigência de passaporte vacinal deve ser estendida para fronteiras terrestres, que se encontram extremamente vulneráveis às novas fases da pandemia”, afirma o documento.

Alguns municípios de fronteira internacional, como toda a tríplice fronteira entre o estado do Amazonas, Peru e Colômbia, a tríplice fronteira entre Roraima, Venezuela e Guiana e a fronteira entre o Amapá e Guiana Francesa, apresentam baixa cobertura de vacinação com doses completas, o que expõe todos os residentes locais à transmissão do vírus, bem como representa uma ameaça de espalhamento de novas variantes para todo o país e seus vizinhos.

Recomendações

Além da aceleração da aplicação das segundas doses do esquema vacinal e da aplicação da dose de reforço, os especialistas da Fiocruz reforçam a importância das medidas de prevenção como o uso de máscaras, de preferência nos modelos PFF2 e N95, além da não recomendação de realização de eventos de grande porte que geram aglomerações. 

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