Contexto

EUA deixam o Afeganistão após quase 20 anos

Os Estados Unidos anunciaram nesta segunda-feira (30/08/21) a conclusão da saída de suas forças do Afeganistão após uma caótica missão de retirada aérea. Com isso, está encerrada a maior guerra na qual o país esteve envolvido em sua história, quase 20 anos depois da invasão do país em resposta aos ataques de 11 de setembro de 2001.

A sensação de analistas é de fracasso. Segundo a Forbes, o país gastou nada menos do que US$ 2 trilhões na guerra do Afeganistão, o que corresponde a US$ 300 milhões por dia, todos os dias, durante quase duas décadas. E tudo isso para ver o Taliban – que em 2001 abrigava o grupo militante Al Qaeda, que foi responsabilizado pelos ataques em Nova York e Washington – retomar o controle do país praticamente sem resistência. De quebra, fortalece adversários como a China e a Rússia.

“Rússia e China ganham muita força na região, com essa tomada de poder pelo Taliban [como já foi explicado aqui], além da perda e do retrocesso de inúmeros direitos humanos e o aumento no fluxo imigratório e o número de refugiados, que é um problema para todo o mundo”, explica Mayra Cardozo, advogada especialista em Direitos Humanos pela Universidade Pablo de Olavide (UPO) – Sevilha.

As retiradas se tornaram ainda mais perigosas quando um ataque suicida reivindicado pelo Estado Islâmico – inimigo tanto do Ocidente quanto do Talibã – matou 13 militares norte-americanos e dezenas de afegãos que esperavam nos portões do aeroporto na quinta-feira (26) passada.

Biden derrotado

A retirada aérea de emergência chegou ao fim antes do prazo de terça-feira (31/08/21) estabelecido pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que herdou um acordo de retirada de tropas feito com o Talibã por seu antecessor Donald Trump e decidiu no início deste ano concluir a retirada.

Esse movimento, considerado por muitos apressado, deve fazer o ônus pelos últimos acontecimentos recairem sobre o democrata. “Biden sai enfraquecido desse episódio. Ele simplesmente retirou as tropas de um dia para a noite, sem estabelecer uma transição harmônica. Com isso, sempre será visto como o presidente responsável pela derrota no Afeganistão”, afirma Mayra.

Vale lembrar os movimentos do Taliban para reassumir o controle do país começaram logo após o acordo firmado por Trump. Biden, por sua vez, é criticado por não ter agido contra o grupo extremista quando este não cumpriu o acordo firmado em 2020.

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: