Um estudo da Universidade de Cambridge divulgado nesta quinta-feira (11/03) mostra que, apesar do que muitos imaginam, o impacto dos bloqueios (lockdowns, fechamentos e quarentenas) feitos para controlar a propagação da Covid-19 tiveram baixo impacto na saúde mental das pessoas.
Os pesquisadores fizeram o que na linguagem científica é chamado de meta-análise, que consiste em avaliar estatisticamente os resultados de dois ou mais estudos independente. No caso, foram 25 estudos envolvendo 72.004 participantes em diversos países do mundo. Todos envolveram participantes adultos. O percentual de participantes do sexo feminino variou de 40 a 81%.
Apesar das diferenças encontradas em diferentes regiões, os autores afirmam que os bloqueios não têm efeitos prejudiciais uniformes sobre a saúde mental e que a maioria das pessoas é psicologicamente resiliente a seus efeitos. Enquanto 19 estudos relataram efeitos negativos do isolamento no funcionamento da saúde mental (por exemplo, depressão, ansiedade, angústia geral), seis estudos relataram efeitos no funcionamento psicológico positivo (por exemplo, bem-estar, satisfação com a vida). Ou seja, algumas pessoas até se sentiram melhor com ele.
Na avaliação, não foram encontradas evidências de que uma medida como o lockdown reduza o funcionamento psicológico positivo de uma pessoa, como bem-estar ou satisfação com a vida, muito menos que eles possam aumentar a solidão ou diminuir as percepções de apoio social.
Suicídio
Uma das descobertas mais importantes desta meta-análise é que o isolamento social causado pela pandemia, ao contrário do que se imaginava, não mostra evidências de aumento significativo do risco de suicídio associado. A hipótese mais aceita é que por mais sérios que sejam os efeitos de um lockdown na vida cotidiana, o senso de apoio coletivo pode ter sido um fator-chave sobre os sintomas de saúde mental.
Para os envolvidos no estudo, um momento de crise altamente desafiador como este, pode fazer as pessoas mudarem seus pontos de vista sobre a morte e experimentar mudanças psicológicas positivas, incluindo um maior apreço pela vida.
Foto: Michel Corvello