Atualizada às 19h20
Após semanas de suspense, o Ministério da Defesa enfim entregou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (09/11/2022) o relatório da auditoria feita em urnas eletrônicas brasileiras durante as eleições deste ano. Como esperado, não foram encontrados quaisquer indícios de fraude no sistema. No entanto, o texto ainda apresenta contestações ao sistema de votação, o que deve agitar as manifestações golpistas que acontecem pelo país.
No documento, as Forças Armadas afirmam ao TSE que encontraram “conformidade” entre boletins de urnas e informações oficiais da totalização de votos. Em outras palavras, os dados estão corretos. Mas, ao longo do relatório, os militares afirmaram faltar dados técnicos que não tornaram possível fazer fiscalização completa nas urnas.
No ofício em que pede que as sugestões dos militares sejam aceitas, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, cita pontos técnicos que podem ser corrigidos, como investigação da compilação do código-fonte do sistema e a análise minuciosa dos códigos binários executados nas urnas. Nesta terça-feira (08/11/2022) o Tribunal de Contas da União (TCU) informou que não encontrou divergências nos boletins das urnas eletrônicas, durante auditoria no segundo turno das eleições.
Ainda no relatório, os militares cobraram “maior transparência” no acesso aos códigos fonte das urnas, alegando possíveis “lacunas de fiscalização” e “carência de maior certeza de eficácia” dos testes. Vale ressaltar que essas dúvidas são normais e já haviam sido levantadas em material publicado no Vocativo em maio de 2021, o que não coloca em necessariamente em risco a votação.
TSE divulga nota
Em nota, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes afirmou que a corte “recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa, que, assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”. O minstro disse ainda que as sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas.
Comentário
Ficou muito claro que este “documento” (se é que pode ser chamado assim) tem como único objetivo tumultuar o processo eleitoral. Pra começar, em novembro do ano passado, as Forças Armadas decidiram não participar do teste público de segurança da urna que o TSE realiza periodicamente. Ora, se tivessem feito ali, as informações que agora reclamam não ter poderiam ter sido fornecidas e o teste, enfim, ter sido concluído.
Ou seja, se houvesse de fato interesse na segurança das eleições, o Ministério da Defesa teria participado ativamente do processo desde o princípio. Não que fosse atribuição dele, é claro. Mas o fato é que, no fim das contas, as lacunas deixadas pela própria falta de investigação dos militares só servirá para manter as tropas bolsonaristas na frente dos quartéis.