As eleições gerais deste ano terão uma triste característica: pela primeira vez na história do Brasil, teremos, em nível nacional, candidatos que põe em seus discursos o completo desrespeito pela Constituição do país. Em suas ações e promessas, estão absurdos do tipo: “dar licença para policial matar”, “dar uma arma a cada cidadão”, elogiar torturadores de crianças e outras insanidades. E nesse contexto, a imprensa brasileira precisa escolher que papel quer desempenhar. O Vocativo escolhe a democracia.
O país vive uma crise de segurança pública e corrupção sem precedentes e sem perspectiva em curto prazo de melhora. E em cima desses problemas, muitos candidatos estão construindo candidaturas com o rótulo de “xerifes da segurança e da moral”, que prega soluções rasas, inúteis e perigosas contra esses problemas e aproveitam para, ao mesmo tempo, inserir discursos de ódio contra seus opositores, como se quem fosse contra essas pessoas apoiasse determinado partido ou defendesse a corrupção. Não vou citar nomes porque simplesmente os atos desses indivíduos falam por eles mesmos.
O processo eleitoral serve para escolhermos representantes que vão administrar nosso país à luz da Constituição Federal. A pergunta básica é: como um candidato pode disputar um cargo eletivo se ele prega claramente que não respeitará o princípio mais básico do cargo que pretende ocupar? Afinal, quando diz que vai permitir que mulheres recebam menos por engravidarem, ele viola os preceitos básicos de igualdade e equidade presentes na Constituição. Quando apoia a tortura, além de violar a Carta Magna, viola todos os tratados internacionais de direitos humanos aos quais o Brasil é signatário.
Apoiar indivíduos que agem dessa forma e almejam cargos públicos eletivos é ir contra a democracia, é dar aval a um discurso de ódio que simplesmente não pode ser aceito. Sob pena de nos custar a própria democracia e nossa integridade física. Em nome da sua história de dez anos de jornalismo independente e dos seus princípios, o Vocativo não dará voz a essas pessoas. O dever primordial do site é para com o Estado Democrático de Direito.