Amazônia

E Manaus se depara com o horror

Manaus, 21 de abril de 2020.

Uma data triste, que ficará para sempre na memória de todo cidadão de Manaus.

Nesta terça-feira, o sistema funerário da cidade entrou em colapso e pela primeira vez durante a pandemia do novo coronavírus, foi registrado o enterro em massa de pessoas em covas coletivas. O mais dramático, porém, é não saber se são, de fato, vítimas da Covid-19. Não há certeza de quantas pessoas morreram pela doença. E provavelmente nunca se saberá.

Segundo levantamento da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana, apenas entre os dias 12 e 19 de abril, 656 corpos foram sepultados nos campos santos administrados pela Prefeitura de Manaus. Uma média de 82 cerimônias fúnebres por dia, contra 28 sepultamentos diários registrados em média em 2019. O que constrasta com o número oficial de mortos pela Covid-19 no mesmo período (182), como mostra o gráfico abaixo:

A conjunção de uma série de fatores causam esta incerteza. A grande subnotificação dos casos no Estado, causada pela baixa quantidade de testes para a Covid-19, somada a demora na apuração dos testes feitos e ao colapso no sistema de saúde do Estado, muitas pessoas têm morrido dentro das suas casas, indo diretamente ao cemitério sem a confirmação se testaram positivo ou não. O drama inclusive já foi confirmado pelo Prefeito de Manaus, Arthur Neto e pelo governador do Estado, Wilson Lima.

O Sindicato das Empresas de Serviço Funerário do Estado do Amazonas (SEFEAM) afirmou estar buscado unir todas as filiadas para tentar dar conta da demanda. “Estamos buscando de todas as formas manter os serviços de Manaus dentro da normalidade. O momento é tenso e requer um plano de contingência. E vai piorar ainda mais”, lamentou o presidente da associação, Manuel Viana.

Segundo Viana, uma das medidas a serem adotadas é usar as 28 salas de velórios disponíveis para acondicionar as unas com os corpos até o sepultamento. “É uma alternativa, já que não pode haver velório”, explica. A ideia é tentar evitar cenas como as registradas em Guayaquil, capital do Equador, onde corpos eram deixados nas ruas ou nas casas da população pela falta de serviço funerário da cidade.

A Prefeitura de Manaus, disponibilizou um contêiner escritório para dar suporte a servidores e familiares das vítimas da Covid-19 que forem enterrar seus entes queridos. A unidade foi instalada nesta terça-feira, 21/4, no cemitério Nossa Senhora Aparecida, bairro Tarumã, zona Oeste de Manaus.

O Amazonas registrou mais 110 casos de Covid-19 nesta terça-feira (21/04), totalizando 2.270 casos confirmados do novo coronavírus no estado, segundo boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). Também foram confirmados mais oito óbitos pela doença, elevando para 193 o total de mortes.

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