A “Fiquem Sabendo“ teve acesso a novos documentos – de boletins de ocorrência a imagens explícitas – de ameaças recebidas por funcionários da Funai na região onde foram assassinados o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips. Os documentos se referem a um caso em Eirunepé, em 2021.
No dia 09 d e maio deste ano, um mês antes das mortes de Dom e Bruno, servidores da Coordenação Técnica Local (CTL) em Eirunepé sofrearam ameaças. O chefe da coordenação (não identificado para proteção) foi abordado por dois desconhecidos que, em tom de ameaça, afirmaram que os servidores da FUNAI estavam “brincando com o perigo” em virtude da realização de ações de fiscalização na calha do Rio Eiru.
Segundo a investigação da Polícia Federal, apesar de ser local público, a feira em que ocorrera a ameaça não contava com patrulhamento no momento da ocorrência, projetando a sensação de que a equipe está exposta e sendo visada pelos criminosos, mesmo à luz do dia.
Ainda segundo o documento de denúncia, a ameaça foi uma entre série de episódios semelhantes, os quais envolvem abordagens pessoais, entrega de bilhetes anônimos e outras formas de intimidação, inclusive no interior do prédio da CTL.
Os episódios de tentativas de intimidação aumentaram após a realização da Ação de Proteção Territorial realizada na semana de 11 a 15 de outubro de 2021. Na época, servidores receberam uma bilhete ameaçador, reproduzido logo abaixo:
Na denúncia feita para a FUNAI, os servidores relataram ainda que estavam previstas ações de entrega emergencial de cestas de alimentos às comunidades indígenas na jurisdição da CTL de Eirunepé, inclusive aquelas situadas à calha do Rio Eiru. Em virtude das ameaças sofridas, a atuação da equipe nesse tipo de atividade foi prejudicada, visto que os servidores estavam em situação de risco. O grupo pediu escolta policial de modo a garantir a integridade de todos, mas não se sabe se foram atendidos. O Vocativo entrou em contato com a fundação, mas até o momento não obteve resposta.