Faltando 100 dias para o primeiro turno das eleições gerais de 2022, vai se formando o que parece ser uma tempestade perfeita para o presidente Jair Bolsonaro (PL). No mesmo dia em que as denúncias de corrupção no Ministério da Educação geram uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado, pesquisa do DataFolha aponta a possibilidade cada vez mais real de derrota já no dia 02 de outubro para o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT).
Pesquisa eleitoral
Uma nova pesquisa divulgada pelo Datafolha na noite desta quinta-feira (23/06/2022) aponta que Lula manteém a liderança com 53,4% dos votos válidos sobre Bolsonaro, que obteve 31% da preferência do eleitorado, em cenário de estabilidade com relação ao mês passado. A diferença entre os dois é de 22% nos votos válido, o que garantiria a vitória do petista já no 1° turno. Nos votos totais, Lula tem 47% contra 28% de Bolsonaro.
O dado mais importante é o contexto onde essa pesquisa se encontra. Ela ouviu 2.556 pessoas nos dias 22 e 23 de junho em 181 cidades brasileiras, o que significa que ainda não deu tempo de repercutir o caso de corrupção no MEC, o que deve custar ainda mais votos para Bolsonaro. E se a CPI do MEC de fato sair do papel, o estrago pode ser decisivo para a eleição.
Em meio a tudo isso, a inflação e os constantes aumentos de combustível seguem causando problemas para o governo. Sem força política para criar uma CPI da Petrobrás (que seria ainda mais destrutiva para o próprio Bolsonaro) e sem modificar a política de preço da estatal, nem todos os benefícios concedidos vão surtir efeito prático entre os eleitores.
Mais denúncias no MEC
Como se não bastassem os problemas econômicos, um dos pilares da campanha bolsonarista vai se desfazendo. O discurso anticorrupção tomou um duro golpe com a prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e deverá tomar outros nas próximas semanas.
Além da iminente instalação da CPI no Senado, Bruno Calandrini, delegado responsável pelo inquérito de investigação e autor de pedido de prisão do ex-ministro Milton Ribeiro, disse em mensagens encaminhadas para colegas da instituição que “a investigação foi prejudicada em razão do tratamento diferenciado dado ao investigado” e que “o governo interferiu na condução do caso”.
Em nota, a Polícia Federal afirmou que “considerando boatos de possível interferência na execução da Operação Acesso Pago e objetivando garantir a autonomia e a independência funcional do Delegado de Polícia Federal, conforme garante a Lei nº 12.830/2013, informamos que foi determinada a instauração de procedimento apuratório para verificar a eventual ocorrência de interferência, buscando o total esclarecimento dos fatos”.
Acuado, só restará radicalizar
Se melhorar as condições do governo parece ser uma possibilidade remota, atacar os adversários pode ser outra tática a ser utilizada. Não apenas com o aparelho estatal como também com sua militância. Nos últimos dias, dirigentes do PT, por exemplo, externaram receio pela segurança do ex-presidente Lula. Com tantas armas nas mãos de apoiadores de Bolsonaro, todo cuidado é pouco.
Completamente acuado, só restará a Bolsonaro a radicalização. Diante e longe dos holofotes. Embora a operação que prendeu Milton Ribeiro sinalize que a Polícia Federal não está tão aparelhada quanto se imaginava, o controle da máquina ainda é do presidente. E ele ainda deverá usá-la de maneira suja.