Amazônia

CPI da Pandemia: gestores públicos do Amazonas ficam de fora do relatório final

Nenhum dos gestores públicos do Amazonas foi indiciado pelo caos vivido no estado durante a pandemia no relatório final da CPI da Pandemia no Senado, apresentado pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL) nesta quarta-feira (20/10/21).

O senador Eduardo Braga (MDB-AM) considerou inaceitável que o relatório final não peça a punição de nenhuma das autoridades políticas do estado. Para ele, não há dúvida de que houve uma série de crimes e há criminosos que agora precisam ser punidos. O parlamentar apresentou um adendo ao voto de Renan Calheiros, exigindo a punição dos responsáveis, inclusive do governador Wilson Lima.

“Nosso estado foi transformado em um verdadeiro campo de testes, com experimentos, com remédios ineficazes; falta de oxigênio, de leitos de internação e até de covas para enterrar os nossos conterrâneos. Nenhum estado sofreu tanto quanto o Amazonas. Não há nenhuma dúvida de que houve uma série de crimes e de criminosos que precisam ser punidos. Por isso, o Amazonas continua se sentindo injustiçado”, afirmou Braga, que apresentou um adendo ao voto do relator sobre o tema. 

Embora o relator tenha dito que não seria competência da CPI indiciar entes fora do governo federal, vale lembrar que empresários e representantes das empresas Precisa Medicamentos e a VTCLogs físicas foram indiciados. E no mesmo relatório, Calheiros afirma que Manaus serviu como laboratório para experimentos com o chamado tratamento precoce, tendo como objetivo atingir a imunidade de rebanho por contágio. Tal ação só seria possível com aval do governo do Amazonas.

Covid-19 no Amazonas

Desde o início da pandemia, o Amazonas teve 427.237 casos oficiais da Covid-19, além de 13.757 mortes. Uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) publicada na revista “Cadernos de Saúde Pública”, em julho, mostra que a taxa de mortalidade pela doença em Manaus foi de 412,5 mortes por 100 mil habitantes, uma das maiores do mundo.

Em janeiro deste ano, após meses de aumento de casos e dois avisos da empresa White Martins, Devido à explosão de casos de Covid-19, Manaus sofreu um colapso no fornecimento de oxigênio em sua rede hospitalar, o que causou a morte por asfixia de pelo menos 31 pessoas. O maior número de mortes foi registrado no SPA e Policlínica Dr. José Lins, com sete óbitos. Outras sete pessoas morreram no SPA e policlínica dr. Danilo Corrêa. Três mortes aconteceram no SPA Alvorada. O Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) registrou 4 mortes de pacientes internados. E na Fundação de Medicina Tropical foram 3 mortes.

Proxalutamida

Apesar de não ter indiciado gestores públicos, o relator indiciou o médico endocrinologista Flávio Cadegiani, um dos responsáveis pelo o estudo da proxalutamida na rede de hospitais privada Samel. O estudo, que também envolveu pacientes no interior do Amazonas e em Porto Alegre (RS) foi alvo de denúncia na Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep), do Conselho Nacional de Saúde (CNS) junto à Procuradoria Geral da República (PGR).

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