Covid-19

Covid-19: quem tomou Coronavac e Pfizer pode precisar de uma quarta dose

Quem tomou duas da Coronavac e reforço da Pfizer pode precisar no futuro de uma nova dose da fabricante alemã para se proteger melhor da variante Ômicron do coronavírus. Possibilidade deve ser analisada por gestores de saúde

Quem tomou duas doses da vacina Coronavac e dose de reforço da Comirnaty, fabricada pelo consórcio Pfizer/BioNTech pode precisar no futuro de uma nova dose de reforço da fabricante alemã para se proteger das variantes Delta e Ômicron do coronavírus causador da Covid-19. É o que sugere um estudo publicado nesta quarta-feira (29/12/21) na plataforma Medrxiv, site que distribui versões ainda sem revisão por pares de artigos científicos sobre ciências da saúde.

O estudo foi feito por pesquisadores dos EUA, República Dominicana e Brasil e observou o plasma de 101 pacientes do país caribenho por quatro semanas após a segunda dose da Coronavac. Assim como outros 47 países, a República Dominicana também usa o imunizante em sua população. E o resultado deve ser analisado com cuidado pelas autoridades de saúde pública do Brasil, que também a usa.

O resultado mostrou que as duas doses da vacina isoladamente não gerou anticorpos capazes de proteger da infecção causada pela Ômicron. Nem mesmo quem teve Covid-19 previamente, tomou duas doses de Coronavac e reforço da Pfizer mostrou anticorpos capazes de neutralizar a nova variante.

Com o reforço com a Pfizer, no entanto, houve uma melhor resposta, com o aumento da concentração de anticorpos capazes de reconhecer a chamada proteína Spike, que fica nos espículos do vírus e são usados para entrar nas nossas células. Mas ainda assim, os autores do estudo recomendam utilizar mais uma dose da Pfizer.

Isso porque mesmo com o reforço da Pfizer, o número de anticorpos neutralizantes (NAb) é apenas 1,4 vezes maior do que os produzidos por uma vacina de mRNA sozinha. “Em termos de saúde pública, a duas doses da Coronavac são insuficientes para neutralizar a Ômicron. Portanto, quem recebeu duas doses da Coronavac pode precisar de 2 doses de reforço adicionais para atingir os níveis necessários”, explicou a pesquisadora Akiko Iwasaki, professora do Departamento de Imunobiologia da Universidade de Yale e uma das autoras do estudo.

Anticorpos não são tudo

Apesar do número de anticorpos produzidos pela combinação 2 doses de Coronavac + 1 de Pfizer ter se mostrado insuficiente para neutralizar a variante Ômicron em laboratório, isso não significa que as pessoas que se vacinaram dessa forma estão desprotegidas. Isso porque os anticorpos são apenas uma das defesas do nosso organismo contra vírus e outros patógenos. E não se perdem facilmente.

As chamadas células T ou células de memória, são parte fundamental para a proteção do nosso organismo contra agressores como o SARS-COV-2. E são treinadas para nos defender sempre que temos contato com esses organismos (o que é perigoso) ou recebemos doses de vacina (o que é seguro). E até aqui, elas felizmente ainda parecem proteger muito bem quem se vacinou contra a Covid-19, como mostra outro estudo publicado na terça-feira (28/12/21), também na Medrxiv.

“Apesar das extensas mutações da Omicron e da redução de anticorpos neutralizantes, a maioria da resposta das células T seguirá atuando de forma robusta, auxiliando e muito na proteção contra a doença”, afirma Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e coordenadora da Rede Análise Covid.

Para a cientista, uma eventual quarta dose de vacina para quem recebeu a combinação Coronavac + Pfizer ainda é algo a ser visto apenas no futuro. “Ainda é cedo para falar de 4ª dose para a população geral Brasileira tendo tanta gente que não recebeu sua 3ª dose ou até mesmo a sua 2ª dose. Mas é importante a discussão. Assim como é importante seguir acompanhando o cenário epidemiológico, a vacinação, e os estudos que sairão a respeito disso”, afirma Mellanie.

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