Amazônia

Covid-19: especialistas apontam motivos para o Amazonas ter prioridade na vacinação

Especialistas ouvidos pelo Vocativo defendem que vacinar toda a população do Amazonas e impor medidas de restrição são importantes para impedir novas variantes do novo coronavírus

O governador do Amazonas, Wilson Lima, anunciou nesta sexta-feira (05/02) que o Ministério da Saúde pretende imunizar 1/3 da população do Amazonas contra a Covid-19 até março. Caso tenha êxito, a meta será importante para conter a doença, mas precisa ser ampliada, antecipada e não exclui a necessidade de adoção medidas restritivas enquanto a vacinação ocorre. Essa é a avaliação de dois especialistas ouvidos pelo Vocativo.

Em entrevista a uma emissora de televisão, o assessor especial do Ministério da Saúde, Aírton Soligo, explicou que a pasta está propondo à Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, com a chegada dos insumos do Butantan e da Fiocruz, que se aumente o número de vacinas destinadas ao Amazonas já em fevereiro e março. “A proposta é que um terço da população amazonense – nós estamos falando de mais de 1,3 milhão de pessoas – sejam vacinadas até o final de março”, afirmou.

Se confirmada, o aumento no número de doses será muito importante para conter o avanço do novo coronavírus no estado, mas ainda não é o bastante. E mesmo com mais vacinas, medidas de restrição de atividades e principalmente viagens ainda precisam ser aplicadas.

“[O aumento da quantidade de Vacinas para vacinar 1/3 da população somente] não resolve, mas ajuda sim. A vacinação deveria estar acontecendo em peso, junto de um rigor imenso na restrição de mobilidade e medidas de enfrentamento”, explica Mellanie Fontes-Dutra, biomédica, pesquisadora e coordenadora da Rede Análise Covid.

“Precisamos de intervenção de choque com vacinação para 100% da população e isolamento tanto de saída como de entrada e lockdown. Caso contrário, [teremos] mais mortes e novas variantes. A situação de descontrole me preocupa deveras”, opina o Paulo Lotufo, infectologista e epidemiologista da Universidade de São Paulo (USP).

As recomendações de prioridade e aumento nas restrições tem um motivo que preocupa o mundo inteiro: as variantes do novo coronavírus. Isso porque segundo diversos especialistas, a circulação do novo coronavírus seleciona variantes mais transmissíveis e com capacidade de escapar das vacinas. É o que se teme, por exemplo, com a variante P.1, identificada em Manaus no início de janeiro.

A própria Organização Mundial de Saúde recomendou esta semana que os países não só acelerassem o processo de vacinação em todo mundo, mas também não concentrassem as doses, impedindo que países mais pobres consigam imunizar suas populações. O medo da entidade é justamente que locais que não tenham acesso a doses acabem propiciando o surgimento de variantes que anulem os efeitos das vacinas já existentes.

Foto: João Viana / Semcom

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