Novos estudos da Fiocruz apontam para a necessidade da imunização das crianças contra Covid-19 como uma estratégia importante para aumentar a cobertura vacinal da população brasileira, além da aplicação da dose reforço das vacinas da AstraZeneca. Ambos foram divulgados nesta terça-feira (22/12/21).
A primeira pesquisa, submetida à Revista Brasileira de Epidemiologia, e disponível em formato preprint, analisa a evolução da vacinação no país e observa que a imunização no país estaria com uma tendência já próxima à estagnação. Atualmente, cerca de 85% dos brasileiros podem se vacinar, se consideradas todas as pessoas acima de 11 anos. No entanto, os pesquisadores observaram que, desde setembro, o ritmo de vacinação da primeira dose no Brasil vem desacelerando.
Nos dois meses seguintes ao dia 9 de outubro esse ritmo caiu ainda mais a cada Semana Epidemiológica (SE), chegando perto do zero – cerca de 0,08% por dia. Para os pesquisadores, isso poderia sugerir que a vacinação já está próxima do seu limite, com 74,95% da população imunizada com a primeira dose.
Segundo o estudo, uma das formas de superar essa curva de estagnação é ampliar as faixas etárias elegíveis à vacinação, com a imunização das crianças, e criar novas estratégias para aumentar a aplicação da primeira dose em pessoas que vivem em locais remotos. Para os pesquisadores, a estagnação tem maior relação com dificuldade de acesso do que com recusa em receber a vacina.
Coronavac
Uma das opções mais viáveis para o início da imunização em crianças seria o uso da vacina Coronavac. Além da grande quantidade em estoque, a tecnologia de vírus inativado usado no imunizante já se mostrou seguro e eficaz em adultos, além de ser usada há décadas contra outras doenças. No entanto, essa opção ainda terá de aguardar.
Depois de participar de uma reunião nesta quarta-feira (22/12/21) com especialistas e cientistas de áreas da pediatria, imunologia e representantes do Instituto Butantan a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu que há necessidade de mais informações e da apresentação de dados adicionais pelo instituto sobre o uso da CoronaVac em crianças. A agência encaminhará questionamentos sobre dados que ainda não estão presentes no processo de aprovação do imunizante para esse público e que impedem a conclusão da análise.
Dose de reforço
Em outro estudo, foi constatada a necessidade de uma dose de reforço da vacina AstraZeneca após o esquema vacinal completo. É o que indica um novo estudo envolvendo Brasil e Escócia, e publicado na revista científica The Lancet nesta segunda-feira (20/12/21). A pesquisa, da qual a Fiocruz faz parte, mostra a diminuição da proteção vacinal com o passar do tempo e diante do surgimento de novas variantes.
O estudo aponta uma queda da efetividade da vacina de cerca de três vezes por volta do quarto mês quando comparado ao período de proteção máxima. Os dados de Brasil e Escócia puderam ser comparados porque os dois adotam o mesmo intervalo entre as doses, 12 semanas. As conclusões foram semelhantes.
Com informações das Agências Brasil e Fiocruz