Apenas um dos sete grupos prioritários que receberiam a vacina contra a Covid-19 no Amazonas teve 100% de cobertura de primeira dose até esta sexta-feira (19/02). O dado pode ser conferido na página da Fundação de Vigilância em Saúde do estado (FVS-AM). Com relação à segunda dose, a cobertura é ainda menor, mesmo um mês depois do início da campanha, em 18 de janeiro.
De todos os grupos, apenas as pessoas institucionalizadas com deficiência (que moram em abrigos) tiveram 100% de cobertura vacinal. Vale lembrar, no entanto, que esse grupo é composto por apenas 60 pessoas. Cerca de 26% dos trabalhadores de saúde do estado que estão na lista ainda não tomaram sequer a primeira dose. Só a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) ainda aguardava esta semana por 9,2 mil trabalhadores da saúde e 10,2 mil idosos para alcançar a meta.
Entre os idosos acima dos 80 anos, 26% deles ainda não tomou a primeira dose e apenas 0,2% já receberam a segunda. Entre os de 75 a 79 anos, o percentual é ainda maior, com 30% ainda sem receber o imunizante. Mas é entre a população indígena, justamente uma das mais vulneráveis, o maior atraso: apenas 45% recebeu a primeira dose.
No total, apenas 4,6% das segundas doses foram aplicadas até o momento em todo o Amazonas. Em Manaus, apenas 5,1%. Lembrando que o intervalo de doses recomendada para a CoronaVac (vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan) é entre 14 e 28 dias. Já para a Covidshield (desenvolvida pela Universidade de Oxford) é maior, podendo chegar a três meses.
Motivos
Existam relatos de que tanto profissionais de saúde quanto a população dos grupos de risco estariam se recusando a receber a vacina por medo. Procuradas pelo Vocativo, tanto a Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas (SES-AM) quanto a Semsa afirmaram que, até o momento, não receberam qualquer relato do gênero.
Uma das explicações dadas foi que muitos estão impossibilitados de receber a vacina por alguma condição de saúde. Pessoas infectadas por vírus respiratórios (incluindo o próprio coronavírus) ou tenham alguma infecção precisam aguardar 30 dias para receber o imunizante. Isso sem contar que, infelizmente, com mais de 10 mil mortes pela Covid-19, muitos não poderão receber porque já morreram.
Foto: João Viana / Arquivo Semcom