Um estudo recente realizado pela Universidade de Bonn, na Alemanha, aponta que, para se atingir as metas climáticas e garantir a segurança alimentar no mundo, o consumo de carne deve ser reduzido em pelo menos 75%. Publicado em abril, o estudo concluiu que, especialmente em países onde se consome muita carne, reduções são cruciais para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Os pesquisadores da Universidade revisaram pesquisas publicadas recentemente sobre diversos aspectos do consumo e da produção de carne — desde seus efeitos sobre o meio ambiente, até seus impactos econômicos e na saúde pública.
“Começar a basear nossa alimentação em vegetais, principalmente grãos, legumes, verduras, frutas, sementes e castanhas, é a forma mais eficiente de proteger a nossa saúde, nosso planeta e a segurança alimentar global”, diz Fernanda Vieira, diretora de políticas alimentares da Sinergia Animal, uma organização internacional de proteção animal.
Corrida contra o tempo
Segundo um relatório publicado pela Comissão EAT-Lancet — uma comissão de 37 dos principais cientistas mundiais especialistas em sistemas alimentares —, uma alimentação compatível com ambas as metas, ambiental e nutricional, consistiria em mais de 90% de alimentos de origem vegetal. “Essa pesquisa reforça estudos anteriores que apontam que, até 2050, teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas no mundo todo, e isso é possível com o sistema de alimentação que temos hoje”, explica.
“Cerca de 80% de toda a terra de agricultura no mundo é usada para pecuária. Entretanto, os produtos de origem animal provêm apenas 37% da proteína e 20% das calorias mundialmente. Isso é ineficiente, especialmente tratando-se da indústria que é responsável por 57% das emissões de gases de efeito estufa de toda a produção de alimentos”, diz Vieira.