Contexto

Como a crise na gigante chinesa Evergrande pode impactar seriamente o Brasil

Notícias sobre um possível calote da gigante do mercado de incorporações e construção civil chinesa Evergrande balançaram nesta segunda-feira (20/09/21) os mercados mundiais e podem impactar seriamente o Brasil nas próximas semanas.

A empresa possui atualmente a maior dívida de ativos do mundo, mais de US$ 300 bilhões. À medida que se aproxima o prazo para vencimento dessa dívida, crescem os temores de calote. E esse receio gerou uma fuga ainda maior de capital da empresa.

“Como a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, e também, compartilha grande volume de investimentos com o país, o aumento do risco advindo de uma eventual crise causada pela Evergrande pode afetar de modo expressivo a economia brasileira”, alerta professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

O ponto mais sensível dessa relação é o setor de commodities (produtos básicos globais não industrializados). As commodities somam em média 71% das exportações brasileiras e estão associadas ao setor de agropecuária e tem na China o principal destino. O mercado chinês é considerado essencial para um desempenho favorável das exportações brasileiras.

Em 2020, 78% das exportações para a China foram compostas de soja em grão (52,8%), minério de ferro (13,4%) e petróleo (12,2%). As carnes bovina, suína e de frango somaram 9,5% das exportações para o país. “O setor de commodities é o primeiro a sofrer o impacto, em virtude da redução dos preços no mercado internacional, e com a consequente desvalorização dos ativos das empresas vinculadas a esse setor, na bolsa de valores”, alerta o economista.

A crise em números

As ações da Evergrande, que é responsável por cerca de 3,8 milhões de empregos em vários países, caíram 10,24% após o anúncio de que os juros da dívida da empresa não seriam pagos aos credores, e fecharam o dia em US$ 2,28 – uma queda acumulada de 84,7% desde o início do ano.

Em Wall Street, as principais empresas de tecnologia registraram queda nos valores das ações. Apple, Google (Alphabet), Tesla e Amazon figuram como principal influência negativa do dia. No Brasil, o impacto do calote fez o Ibovespa despencar para o menor nível dos últimos 10 meses, fechando o dia em 108.843 pontos – uma queda de 2,33%.

Segundo a agência de notícias Reuters, o calote da Evergrande criou temores de uma crise imobiliária chinesa que pode trazer consequências de larga escala para a economia global, parecida com a crise em 2008 gerada pela bolha imobiliária nos Estados Unidos. Impulsionado pelo temor de uma crise generalizada, o dólar apresentou alta de 0,78%, e fechou o dia cotado a R$ 5,32. Este é o maior valor da moeda norte-americana desde 23 de agosto, quando foi cotada a R$ 5,38.

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